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BENJAMIN STEINBRUCH
FisCopa
Seria recomendável a criação de um Comitê Fiscalizador de Obras e Serviços da Copa do Mundo de 2014, o FisCopa
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AGORA QUE a Copa do Mundo
de 2014 é nossa, cumpre prepará-la com extremo cuidado. A discussão sobre a viabilidade
da candidatura brasileira está superada. Uma competição internacional desse nível traz óbvias vantagens
ao país, porque exalta a nacionalidade e, mais importante, estimula governo e setor privado a promover investimentos que vão muito além do
futebol.
Pelo menos 18 grandes cidades
brasileiras lutam por 12 vagas entre
as que terão jogos oficiais. Nenhuma
delas tem estádios nem estruturas
urbanas preparados para o evento.
Então, a primeira pergunta que surge é: "Quanto vai custar essa Copa?".
As estimativas iniciais indicam
um custo de US$ 5 bilhões a US$ 6
bilhões -US$ 1,2 bilhão só para reforma e construção de estádios. Na
Copa de 2006, a Alemanha gastou
US$ 11 bilhões, sendo US$ 2,1 bilhões em estádios. A África do Sul
prevê gastar US$ 2 bilhões até 2010.
Em eventos como esses, é comum
que os custos inicialmente estimados sejam largamente superados.
Na Alemanha, as obras em estádios
ultrapassaram a previsão inicial em
60%. O Pan-Americano deste ano,
no Rio, teve orçamento inicial, apresentado em 2002, de US$ 123 milhões. Consta que o custo final atingiu R$ 1,1 bilhão só em instalações fixas e provisórias, sem contar gastos
com segurança, viagens, alimentação, hospedagem etc.
Mais importante do que discutir
valores é discutir controles. A preparação de um evento internacional do
porte da Copa do Mundo abre grande espaço para erros e desvios. Então, é necessário agir preventivamente.
No início de 2008, devem entrar
no país os primeiros US$ 100 milhões dos US$ 400 milhões pagos à
Fifa pelos patrocinadores, que serão
repassados ao Comitê Organizador
da Copa. Antes que o primeiro dólar
dessa conta seja gasto, seria recomendável a criação de um Comitê
Fiscalizador de Obras e Serviços da
Copa do Mundo de 2014, o FisCopa.
Formado por um pequeno número
de homens e mulheres públicos ilibados, esse comitê, assessorado por
auditoria independente, poderia representar uma garantia de controle
de orçamento a partir do momento
em que começarem os desembolsos
com as obras para a Copa.
Risco de irregularidades existe em
qualquer grande empreendimento,
em qualquer país. A Copa da França
de 1998, por exemplo, tão bem organizada, não escapou do vexame dos
ingressos. Muitos torcedores, que
compraram pacotes oficiais, não
conseguiram entrar no estádio
Saint-Denis para ver a final entre
Brasil e França, porque seus ingressos foram desviados e vendidos no
mercado negro a US$ 2.000 cada um.
Não devemos cair na conversa de
que já existem mecanismos de fiscalização e controle no país e na própria Fifa. Eles existem, sem dúvida, mas são burocráticos e lentos, para
dizer o mínimo. O FisCopa teria de
funcionar como um vigia permanente das obras e serviços, de modo
que possa descobrir eventuais responsáveis por desvios de recursos e
outras irregularidades.
A Copa é bem-vinda, porque representa uma oportunidade para
firmar a imagem brasileira de potência emergente. Não se deve, portanto, correr o risco de que esse
evento exponha o país a vexames internacionais.
A Copa é tão importante para o
Brasil que ultrapassa em muito os limites do futebol. Todo cuidado é
pouco!
BENJAMIN STEINBRUCH , 54, empresário, é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo).
bvictoria@psi.com.br
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