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Agência considerou desclassificar a OHL
Propostas de vencedoras de leilão de rodovias prevêem vários custos operacionais e investimentos lançados com valor igual a zero
ANTT aprovou planilhas, mas afirma ter deixado claro que "itens com valor igual a zero não serão motivo de solicitação de reequilíbrio"
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ANTT (Agência Nacional
de Transportes Terrestres) cogitou de desclassificar a companhia espanhola OHL e as demais vencedoras dos sete trechos de rodovias federais leiloados na segunda etapa de privatização porque vários custos
operacionais e investimentos
previstos ao longo do contrato
de concessão foram lançados
com valor igual a zero. A tarifa
de pedágio indicada pelo governo foi reduzida em até 65,42%
por um dos consórcios vencedores.
O resultado do leilão realizado no início de outubro foi confirmado na quinta-feira da semana passada pela ANTT. Mas
os consórcios derrotados têm
até sexta-feira para recorrer do
resultado à própria agência reguladora. Ontem, detalhes das
propostas vencedoras foram
divulgados no endereço eletrônico da agência. Com isso, começou a contar o prazo de recurso administrativo.
As atas de julgamento das
propostas comerciais vencedoras mostram erros comuns e
uma resposta padrão da agência. Depois de uma etapa de investigação que se seguiu ao leilão, a comissão de outorga da
ANTT conclui que "as impropriedades observadas não maculam as propostas" das vencedoras OHL, BR Vias e a também espanhola Acciona.
A OHL -que ganhou o direito de operar 2.078 km de estradas federais- argumentou que
a execução das obras e dos serviços com valor igual a zero havia sido considerada no conjunto da proposta comercial. O
compromisso de que não pediria reajuste de tarifa por conta
de eventuais omissões de custos foi registrado em ata da reunião realizada na sede da Bolsa
de Valores de São Paulo na segunda-feira passada, três dias
antes de a ANTT confirmar o
resultado do leilão.
As atas reafirmam que o objetivo da licitação era obter a
menor tarifa básica de pedágio.
As tarifas básicas dos consórcios vencedores variaram de R$
0,997 a R$ 2,940, dependendo
do trecho, muito inferiores às
tarifas nos primeiros trechos
privatizados, nos anos 90, entre
R$ 3,50 e R$ 7,80. O pedágio
mais caro é o da Nova Dutra
(São Paulo-Rio).
Esclarecimentos
As atas de julgamento da documentação das vencedoras relatam pedidos de esclarecimento às vencedoras. Nessa fase, a ANTT alega ter afastado a
possibilidade de erros nos documentos a serem usados posteriormente para aumentar as
tarifas dos pedágios.
"Ficaram claras a afirmação
e o compromisso da proponente de que tais itens do cronograma com valor igual a zero não
serão motivo de solicitação de
reequilíbrio ao longo da execução do contrato", justifica a
agência reguladora.
Já é certo que haverá recurso
contra a OHL no trecho de 382
quilômetros de rodovia entre
Curitiba e Florianópolis. Esse
foi o trecho de rodovia federal
que recebeu o maior número de
propostas no leilão de outubro:
17. A OHL ganhou a disputa
com uma tarifa de R$ 1,028.
Segundo análise da proposta
comercial do lote sete, 34 itens
de custos operacionais e investimentos previstos ao longo do
período de concessão foram
lançados com valor igual a zero.
Também há indicação de divergências no cálculo de volume
de tráfego nesse trecho. Nesse
caso, a agência insiste em uma
das regras do edital de licitação,
segundo a qual "o risco de tráfego é inerente à exploração da
rodovia".
O consórcio PR/SC anunciou
que já prepara recurso à Justiça, depois da fase de recurso à
agência reguladora. "O preço
apresentado é inexeqüível", insiste Danilo Pita, representante do consórcio.
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