São Paulo, terça-feira, 06 de novembro de 2007

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Erro de corretora faz cliente ficar sem ações da Bovespa

CVM já recebeu mais de 60 consultas de investidores

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

Vários pequenos investidores de varejo ficaram fora da oferta pública de ações da Bovespa, um dos melhores negócios do mercado acionário de 2007, por erro ou orientação inadequada de suas respectivas corretoras. Só a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) já recebeu 62 consultas, a maioria de reclamações, sobre o IPO (oferta pública inicial) da Bolsa.
De acordo com a CVM, as consultas dizem respeito a erros ou falhas de corretoras ao processar o pedido de reserva, falta de orientação ou de informação que acabaram levando o cliente a perder o investimento, além de contestações sobre recusa, cancelamento e rateio dos papéis ofertados.
Pela primeira vez em uma abertura de capital, o investidor de varejo teve de se identificar como "com" ou "sem" prioridade no momento de efetuar a reserva das ações -maior motivo de confusão. No IPO, eram considerados prioritários os investidores que não venderam no primeiro dia os papéis obtidos nas quatro ofertas anteriores à da Bovespa. Com uma demanda estimada em R$ 60 bilhões para apenas R$ 6,6 bilhões em papéis disponíveis, houve rateio, e o investidor "sem" prioridade -considerado um pequeno especulador- ficou sem nenhuma ação.
Problemas se repetiram em várias corretoras, a maioria de grandes bancos de varejo.
O médico Gustavo Nabinger, cliente do Banco do Brasil em Porto Alegre, relata que pediu reserva de R$ 4.000, mas acabou ficando sem as ações. Ele afirma ter se declarado como "com" prioridade de alocação e diz que o IPO da Bovespa foi o primeiro de que participou -portanto, não poderia ter seu pedido negado. Questionado sobre o caso, o BB não conseguiu contatar a agência responsável pela ordem e disse que dará resposta nos próximos dias.
Os clientes da chamada Sala de Ações do Santander teriam ficado sem os papéis por erro no processamento. O banco disse que não vai comentar.
A corretora do Bradesco também teria tido as mesmas reclamações. O Bradesco não localizou um porta-voz para falar sobre o problema.
A falta de orientação e os problemas de processamento na reserva de ações podem ter sido tão graves e freqüentes que as próprias corretoras calculam o tamanho de eventuais prejuízos para ressarcir seus clientes, caso fiquem comprovadas falhas no envio de ordens.
Para reclamar sobre eventuais prejuízos, entidades de defesa do consumidor orientam que o investidor tenha documentado que fez a escolha correta e que o erro no processamento foi da corretora. As reclamações podem ser feitas pela internet, no cadastro no Serviço de Atendimento ao Investidor (www.cvm.gov.br), ou pelo 0800-7260802.
A CVM diz que todas as consultas terão resposta personalizada. Se identificar omissão ou erro de corretoras, poderá definir multas e indenização aos prejudicados. O Banco Central também afirma que recebeu reclamações, mas orientou o investidor a procurar a CVM. A Bovespa também tem um ombudsman, que recebe queixas, pelo e-mail ombudsman@bovespa.com.br.


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