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Erro de corretora faz cliente ficar sem ações da Bovespa
CVM já recebeu mais de 60 consultas de investidores
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Vários pequenos investidores de varejo ficaram fora da
oferta pública de ações da Bovespa, um dos melhores negócios do mercado acionário de
2007, por erro ou orientação
inadequada de suas respectivas
corretoras. Só a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) já
recebeu 62 consultas, a maioria
de reclamações, sobre o IPO
(oferta pública inicial) da Bolsa.
De acordo com a CVM, as
consultas dizem respeito a erros ou falhas de corretoras ao
processar o pedido de reserva,
falta de orientação ou de informação que acabaram levando o
cliente a perder o investimento, além de contestações sobre
recusa, cancelamento e rateio
dos papéis ofertados.
Pela primeira vez em uma
abertura de capital, o investidor de varejo teve de se identificar como "com" ou "sem" prioridade no momento de efetuar
a reserva das ações -maior motivo de confusão. No IPO, eram
considerados prioritários os investidores que não venderam
no primeiro dia os papéis obtidos nas quatro ofertas anteriores à da Bovespa. Com uma demanda estimada em R$ 60 bilhões para apenas R$ 6,6 bilhões em papéis disponíveis,
houve rateio, e o investidor
"sem" prioridade -considerado um pequeno especulador-
ficou sem nenhuma ação.
Problemas se repetiram em
várias corretoras, a maioria de
grandes bancos de varejo.
O médico Gustavo Nabinger,
cliente do Banco do Brasil em
Porto Alegre, relata que pediu
reserva de R$ 4.000, mas acabou ficando sem as ações. Ele
afirma ter se declarado como
"com" prioridade de alocação e
diz que o IPO da Bovespa foi o
primeiro de que participou
-portanto, não poderia ter seu
pedido negado. Questionado
sobre o caso, o BB não conseguiu contatar a agência responsável pela ordem e disse que dará resposta nos próximos dias.
Os clientes da chamada Sala
de Ações do Santander teriam
ficado sem os papéis por erro
no processamento. O banco
disse que não vai comentar.
A corretora do Bradesco
também teria tido as mesmas
reclamações. O Bradesco não
localizou um porta-voz para falar sobre o problema.
A falta de orientação e os problemas de processamento na
reserva de ações podem ter sido
tão graves e freqüentes que as
próprias corretoras calculam o
tamanho de eventuais prejuízos para ressarcir seus clientes,
caso fiquem comprovadas falhas no envio de ordens.
Para reclamar sobre eventuais prejuízos, entidades de
defesa do consumidor orientam que o investidor tenha documentado que fez a escolha
correta e que o erro no processamento foi da corretora. As reclamações podem ser feitas pela internet, no cadastro no Serviço de Atendimento ao Investidor (www.cvm.gov.br), ou
pelo 0800-7260802.
A CVM diz que todas as consultas terão resposta personalizada. Se identificar omissão ou
erro de corretoras, poderá definir multas e indenização aos
prejudicados. O Banco Central
também afirma que recebeu
reclamações, mas orientou o
investidor a procurar a CVM. A
Bovespa também tem um ombudsman, que recebe queixas,
pelo e-mail ombudsman@bovespa.com.br.
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