São Paulo, terça-feira, 06 de novembro de 2007

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Perdas de bancos dos EUA trazem apreensão

DENYSE GODOY
DE NOVA YORK

No dia seguinte à renúncia do seu CEO, Charles Prince, o Citigroup viu as suas ações se desvalorizarem em 5,06% na Bolsa de Nova York, vendidas a US$ 35,82. Devido às desconfianças que pairam sobre o setor, a maioria dos papéis de bancos e empresas financeiras sofreu junto -os da Merrill Lynch recuaram 2,22%, os do Bank of America tiveram queda de 1,26%, e os do Washington Mutual caíram 3,36%. O índice Dow Jones, o principal da Bolsa nova-iorquina, terminou a segunda-feira em baixa de 0,38%, e a Nasdaq (de empresas de tecnologia) recuou 0,54%.
Em uma semana, Prince foi o segundo presidente de empresa do ramo a deixar o cargo como resultado das fortes perdas sofridas com as hipotecas "subprime" (de alto risco): na terça-feira passada, Stan O'Neal, da Merrill Lynch, havia informado que estava se aposentando.
"Acho que ainda não chegou ao fim a safra de más notícias", comenta Richard Bove, analista do banco de investimentos Punk Ziegel. Ainda no domingo, o Citi acrescentou um montante que pode variar de US$ 8 bilhões a US$ 11 bilhões aos US$ 6,5 bilhões que já tinha estimado anteriormente como rombo deixado pela crise.
"As companhias precisam divulgar projeções de ganhos e prejuízos até o final do ano fiscal, no próximo dia 30; então, até lá, estamos sujeitos a mais turbulências", completa Bove.
Há meses, especialistas alertam de que a pior parte da crise no mercado é a sensação de que os balanços trarão à tona o tamanho do estrago com a crise no setor imobiliário.
Um dos diretores do Fed (banco central americano), em discurso, deixou claro que há motivo para pessimismo: "As condições para mutuários do segmento "subprime" têm potencial de piorar mais antes de melhorar", afirmou Randall Kroszner durante uma conferência. Segundo levantamento da instituição, mais bancos estão dificultando as regras para conceder crédito, mesmo para os clientes que têm um bom histórico de pagamento -o número de financeiras com regras mais rígidas passou de 15% em julho para 40% em outubro.
Embora não se saiba exatamente o tamanho do rombo entre os bancos, por enquanto não há sinais de que a crise tenha contaminado o resto da economia. Os números do instituto ISM que saíram ontem mostram isso: o indicador de atividade no setor de serviços foi de 54,8 pontos em setembro para 55,8 pontos em outubro, acima da expectativa.


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