São Paulo, terça-feira, 06 de novembro de 2007

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Previdência diz que reforma não atinge quem já trabalha

Novas regras valeriam apenas para os futuros trabalhadores, diz Luiz Marinho

Ministro diz que apenas quem entrasse no mercado de trabalho após a reforma é que teria de trabalhar mais tempo para se aposentar

DO "AGORA"

Após o fim do Fórum Nacional da Previdência Social, que discutiu as bases para uma nova reforma no setor, o governo mudou de tom e deixou de lado a idade mínima para a aposentadoria. Em entrevista exclusiva ao "Agora", o ministro da Previdência, Luiz Marinho, disse ser a favor do aumento do tempo de contribuição aliado ao fator previdenciário (que reduz o benefício de quem se aposenta mais cedo).
O fórum, que reuniu trabalhadores, aposentados, governo e patrões, terminou na semana passada sem aprovar o "núcleo" da reforma, segundo Marinho. "Acho plenamente razoável aumentar o tempo de contribuição para os futuros trabalhadores. O aumento do tempo de contribuição atingiria os novos contribuintes a partir do momento em que a mudança fosse sancionada pelo presidente Lula. Atingiria os nossos netos. Os filhos, no caso dos mais novinhos."
A proposta discutida no fórum era de acréscimo de cinco anos -as mulheres se aposentariam com 35 anos de contribuição, e os homens, com 40.
A decisão sobre se a reforma irá agora ao Congresso será do presidente Lula. "O governo pode pegar alguns pontos fechados no fórum e encaminhar ao Congresso ou decidir fazer uma reforma completa. Não é porque o fórum não aprovou que o governo não vai encaminhar [a reforma]", diz Marinho.
Se a idade mínima fosse aceita no fórum, o governo abriria mão do fator previdenciário. Mas, para o ministro, a idade mínima prejudicaria quem entrou cedo no mercado de trabalho. Por isso, diz ele, maior tempo de contribuição com o fator seria melhor. Porém o redutor desagrada aos trabalhadores. "A Previdência está equilibrada neste momento. Sem o fator, ela desequilibra."
Segundo Marinho, "os trabalhadores estavam pedindo, no fórum, o fim do fator previdenciário". Para ele, é impossível falar no fim do fator previdenciário sem introduzir a idade mínima. "No que depender do governo, não tem mudança de regra para a atual geração de trabalhadores. No que depender do governo, não tem idade mínima, mas a manutenção do fator previdenciário."
O ministro também falou de outras mudanças, como a isenção da contribuição previdenciária para quem já completou as condições para se aposentar. "Seria uma forma de postergar a aposentadoria. Isso pode ser adotado logo", disse.
O ministro informou que são necessários ajustes nas pensões para corrigir distorções. E deu um exemplo: "Padre casar para deixar pensão para alguém, por caridade, temos de coibir. É uma caridade que sai caro para a sociedade".
Para Marinho, a idéia de colocar uma idade mínima para que a pensão seja vitalícia transitou no fórum. "A pensão tem o papel de proteção aos dependentes, às famílias, às crianças, aos jovens. Agora, se é alguém muito jovem, que não tem dependência econômica, por que a sociedade tem de pagar a pensão a vida inteira? Talvez seja uma indenização temporária."


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