São Paulo, quinta-feira, 06 de novembro de 2008

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Captação das empresas recuou 28% no ano

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O ano, marcado por uma das crises mais graves da história, não tem sido fácil para as companhias brasileiras que necessitam captar recursos. O volume total que as empresas conseguiram no mercado de capitais até outubro ficou em R$ 89,39 bilhões, o que representou uma redução de 27,8% em relação ao montante registrado no mesmo período de 2007.
O que se viu até o ano passado, ao menos desde 2004, foi um aumento constante no volume captado no mercado de capitais -considerando-se as diferentes modalidades, principalmente ações, debêntures e notas promissórias.
O freio vivido neste ano começou a ser sentido com a parada nos IPOs (oferta inicial de ações). Depois, foi a vez de o mercado de renda fixa esfriar.
Além da fuga dos estrangeiros do mercado doméstico -importantes compradores de ações-, grandes investidores têm preferido nos últimos meses comprar um CDB (Certificado de Depósito Bancário), que tem pago taxas mais elevadas, do que um outro título de renda fixa, como as debêntures e as notas promissórias.
Levantamento da Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento) mostra que as emissões de ações foram as que mais encolheram no ano, em 43,4% na comparação a igual período de 2007. No caso das debêntures, a redução foi menos intensa, de 12,4%.
As debêntures são uma das principais formas de as companhias conseguirem recursos. A debênture é um título que representa uma dívida para uma empresa. Para o investidor que a adquire, rende uma taxa de juros e vence em certo prazo.
"Entendo que apenas a partir do segundo semestre de 2009, e se a crise arrefecer, o mercado de capitais pode começar a ter uma recuperação, uma retomada de volumes mais expressivos [captados]", afirma Ricardo Humberto Rocha, professor de finanças do Ibmec/São Paulo.
No caso específico do segmento de ações, principalmente no que se refere a IPOs, Rocha estima que deve levar um tempo ainda mais longo para voltar a ganhar ritmo.
"Não podemos esquecer que dessa vez a piora do mercado de capitais não está isolada aqui. Nos EUA, as empresas também têm colocado menos bônus no mercado", diz Rocha.
Os investidores estrangeiros, que vinham despontando como grandes compradores de novas ações, fugiram de forma acelerada do mercado nos últimos meses. Em 2007, a categoria ficou com 73,8% das ações ofertadas. Neste ano, o percentual recuou para 37,5%.
Os estrangeiros já sacaram R$ 23 bilhões do mercado acionário brasileiro em 2008, sendo o pior ano da história nesse quesito. Apenas em outubro, saíram R$ 4,69 bilhões da Bovespa. Nos primeiros três dias deste mês, as vendas feitas pela categoria já bateram as compras em R$ 176,8 milhões.


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