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Captação das empresas recuou 28% no ano
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O ano, marcado por uma das
crises mais graves da história,
não tem sido fácil para as companhias brasileiras que necessitam captar recursos. O volume total que as empresas conseguiram no mercado de capitais até outubro ficou em R$
89,39 bilhões, o que representou uma redução de 27,8% em
relação ao montante registrado
no mesmo período de 2007.
O que se viu até o ano passado, ao menos desde 2004, foi
um aumento constante no volume captado no mercado de
capitais -considerando-se as
diferentes modalidades, principalmente ações, debêntures e
notas promissórias.
O freio vivido neste ano começou a ser sentido com a parada nos IPOs (oferta inicial de
ações). Depois, foi a vez de o
mercado de renda fixa esfriar.
Além da fuga dos estrangeiros do mercado doméstico
-importantes compradores de
ações-, grandes investidores
têm preferido nos últimos meses comprar um CDB (Certificado de Depósito Bancário),
que tem pago taxas mais elevadas, do que um outro título de
renda fixa, como as debêntures
e as notas promissórias.
Levantamento da Anbid (Associação Nacional dos Bancos
de Investimento) mostra que
as emissões de ações foram as
que mais encolheram no ano,
em 43,4% na comparação a
igual período de 2007. No caso
das debêntures, a redução foi
menos intensa, de 12,4%.
As debêntures são uma das
principais formas de as companhias conseguirem recursos. A
debênture é um título que representa uma dívida para uma
empresa. Para o investidor que
a adquire, rende uma taxa de
juros e vence em certo prazo.
"Entendo que apenas a partir
do segundo semestre de 2009, e
se a crise arrefecer, o mercado
de capitais pode começar a ter
uma recuperação, uma retomada de volumes mais expressivos
[captados]", afirma Ricardo
Humberto Rocha, professor de
finanças do Ibmec/São Paulo.
No caso específico do segmento de ações, principalmente no que se refere a IPOs, Rocha estima que deve levar um
tempo ainda mais longo para
voltar a ganhar ritmo.
"Não podemos esquecer que
dessa vez a piora do mercado de
capitais não está isolada aqui.
Nos EUA, as empresas também
têm colocado menos bônus no
mercado", diz Rocha.
Os investidores estrangeiros,
que vinham despontando como
grandes compradores de novas
ações, fugiram de forma acelerada do mercado nos últimos
meses. Em 2007, a categoria ficou com 73,8% das ações ofertadas. Neste ano, o percentual
recuou para 37,5%.
Os estrangeiros já sacaram
R$ 23 bilhões do mercado acionário brasileiro em 2008, sendo o pior ano da história nesse
quesito. Apenas em outubro,
saíram R$ 4,69 bilhões da Bovespa. Nos primeiros três dias
deste mês, as vendas feitas pela
categoria já bateram as compras em R$ 176,8 milhões.
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