São Paulo, sexta, 6 de novembro de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Greenspan diz que pânico dos investidores está diminuindo


das agências internacionais

O presidente do Fed (Federal Reserve, o banco central norte-americano), Alan Greenspan, afirmou ontem que há sinais de que o pânico dos investidores no mercado financeiro internacional está diminuindo.
O impacto das declarações de Greenspan foi imediato em Wall Street. O índice Dow Jones -principal termômetro acionário norte-americano-, que começara o dia em queda, recuperou-se e fechou com alta de 1,51%.
Foi o primeiro pronunciamento público de Greenspan desde 15 de outubro, quando o Fed decidiu reduzir, pela segunda vez em menos de um mês, as taxas dos juros norte-americanos justamente para conter a expansão da crise.
As declarações tiveram um peso ainda maior porque o próprio Greenspan havia feito, no mês passado, advertências sobre a pressão que a desconfiança generalizada dos investidores estava exercendo sobre mercados de todo o mundo.
Os comentários do presidente do Fed, feitos em Washington, foram transmidos aos participantes de uma convenção anual da Associação Industrial de Valores, realizada na Flórida.
Greenspan não deu sinais de que o Fed reduzirá mais uma vez os juros em sua próxima reunião, marcada para o dia 17.
Investidores na Bolsa de Nova York consideraram que, embora não tenha confirmado uma possível baixa dos juros, o presidente do Fed também não descartou por completo essa possibilidade.
"Ele não disse nada diretamente relacionado aos juros, o que significa que ele pode não ter eliminado uma nova redução", afirmou Peter Coolidge, analista da corretora Brean, Murray & Co.
A expectativa de nova queda das taxas foi reforçada pela divulgação de que o nível de desemprego em outubro foi de 4,6%, igual ao do mês anterior. A manutenção do índice, que estava caindo, foi considerada um sinal de que a economia estaria se desaquecendo.
Greenspan afirmou que o temor que havia prevalecido nos mercados depois do agravamento da crise russa está se dissipando.
Nas semanas que se seguiram à moratória russa, os investidores saíram de mercados emergentes em busca de praças mais seguras para colocar seus recursos.
Os países da América Latina -o Brasil, principalmente- foram vistos, naquela ocasião, como as novas vítimas da crise mundial, que havia chegado à Rússia depois de ter atingido a Ásia.
Agora, segundo Greenspan, há "indícios significativos de alguma inversão".
O presidente do Fed se mostrou contrário a um controle de capitais -idéia que está sendo discutida para prevenir novas crises. Ele disse que é "improvável que (o controle) seja efetivo".
Greenspan afirmou que os países que impõem controles de capitais, entre os quais a Malásia, prejudicam o acesso dos investidores externos, que têm se mostrado fundamentais para o desenvolvimento de suas economias.
O presidente do Fed também reconheceu que as moedas de países que não dispõem de sérios fundamentos macroeconômicos se mostram vulneráveis em relação a outras divisas. "A questão não é a estabilidade das moedas, e sim as políticas que as mantêm estáveis".



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.