São Paulo, sexta, 6 de novembro de 1998

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CUSTO DE VIDA
Preços caíram 0,15% de novembro de 97 a outubro, diz a Fipe; tendência deve continuar até setembro de 99
SP tem primeira deflação anual desde 1949

MAURO ZAFALON
da Redação

São Paulo registrou em outubro a primeira deflação anual (taxa acumulada em 12 meses) desde outubro de 1949. Dados divulgados ontem pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) mostram que os preços recuaram, em média, 0,15% do início de novembro de 97 ao final de outubro deste ano.
Essa deflação é um indicador de que o problema da inflação está resolvido no Brasil, afirmou o coordenador do Índice de Preços ao Consumidor da Fipe, Heron do Carmo.
O economista da Fipe não acredita no retorno da pressão inflacionária, como ocorria nos anos anteriores a 94, a menos que o governo não arrume a casa como está prometendo.
A estabilidade atual dos preços se deve a vários fatores. Entre eles, estão os efeitos das crises financeiras internacionais sobre o Brasil.
Pressionado pelos problemas vindos do exterior, o governo elevou bruscamente os juros em outubro do ano passado. Esse aumento esfriou a economia, diminuindo a demanda interna e forçando as empresas a cortar preços.
Novos problemas econômicos mundiais neste segundo semestre deterioraram ainda mais a situação econômica brasileira. Novamente o governo elevou os juros, empurrando a economia ainda mais rapidamente para uma recessão.
Além dos juros, Heron do Carmo atribui a estabilidade dos preços à abertura econômica promovida no início desta década. As indústrias sofreram forte concorrência dos produtos externos. Com isso, foram obrigadas a cortar custos e elevar a produtividade.
Além disso, os preços das matérias-primas caíram no mercado externo nos últimos anos, o que compensou a sobrevalorização do real em relação ao dólar.
As medidas econômicas que estão sendo tomadas pelo governo não devem ter grande impacto sobre as taxas de inflação, diz o economista da Fipe.
A nova carga tributária poderia pressionar os preços, mas os efeitos do pacote sobre a demanda são fortes e vão inibir reajustes.
Para os próximos meses, a Fipe prevê inflação pouco acima do 0,02% de outubro. Em novembro, os preços devem subir 0,4% e em dezembro, 0,3%.
Se essas previsões se confirmarem, a taxa de inflação de 98 deverá registrar deflação de 0,5%.
Essa será a primeira queda de preços a ser registrada conforme o calendário gregoriano (ano cheio) desde 1939, quando teve início o acompanhamento de preços em São Paulo.
Heron do Carmo prevê que esse quadro de deflação anual deve continuar até agosto ou setembro do próximo ano.



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