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CUSTO DE VIDA
Preços caíram 0,15% de novembro de 97 a outubro, diz a Fipe; tendência deve continuar até setembro de 99
SP tem primeira deflação anual desde 1949
MAURO ZAFALON
da Redação
São Paulo registrou em outubro
a primeira deflação anual (taxa
acumulada em 12 meses) desde
outubro de 1949. Dados divulgados ontem pela Fipe (Fundação
Instituto de Pesquisas Econômicas) mostram que os preços recuaram, em média, 0,15% do início de
novembro de 97 ao final de outubro deste ano.
Essa deflação é um indicador de
que o problema da inflação está resolvido no Brasil, afirmou o coordenador do Índice de Preços ao
Consumidor da Fipe, Heron do
Carmo.
O economista da Fipe não acredita no retorno da pressão inflacionária, como ocorria nos anos
anteriores a 94, a menos que o governo não arrume a casa como está
prometendo.
A estabilidade atual dos preços se
deve a vários fatores. Entre eles, estão os efeitos das crises financeiras
internacionais sobre o Brasil.
Pressionado pelos problemas
vindos do exterior, o governo elevou bruscamente os juros em outubro do ano passado. Esse aumento esfriou a economia, diminuindo a demanda interna e forçando as empresas a cortar preços.
Novos problemas econômicos
mundiais neste segundo semestre
deterioraram ainda mais a situação econômica brasileira. Novamente o governo elevou os juros,
empurrando a economia ainda
mais rapidamente para uma recessão.
Além dos juros, Heron do Carmo
atribui a estabilidade dos preços à
abertura econômica promovida
no início desta década. As indústrias sofreram forte concorrência
dos produtos externos. Com isso,
foram obrigadas a cortar custos e
elevar a produtividade.
Além disso, os preços das matérias-primas caíram no mercado
externo nos últimos anos, o que
compensou a sobrevalorização do
real em relação ao dólar.
As medidas econômicas que estão sendo tomadas pelo governo
não devem ter grande impacto sobre as taxas de inflação, diz o economista da Fipe.
A nova carga tributária poderia
pressionar os preços, mas os efeitos do pacote sobre a demanda são
fortes e vão inibir reajustes.
Para os próximos meses, a Fipe
prevê inflação pouco acima do
0,02% de outubro. Em novembro,
os preços devem subir 0,4% e em
dezembro, 0,3%.
Se essas previsões se confirmarem, a taxa de inflação de 98 deverá
registrar deflação de 0,5%.
Essa será a primeira queda de
preços a ser registrada conforme o
calendário gregoriano (ano cheio)
desde 1939, quando teve início o
acompanhamento de preços em
São Paulo.
Heron do Carmo prevê que esse
quadro de deflação anual deve
continuar até agosto ou setembro
do próximo ano.
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