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Bancos faturam R$ 40,8 bi com tarifas
Ganho sobe 17% e supera gastos com folha de pagamento em 30%; governo baixa medidas para regular tarifas hoje
Instituições financeiras dizem que o aumento da receita reflete a ampliação dos serviços prestados
e da base de clientes
NEY HAYASHI DA CRUZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os bancos faturaram R$ 40,8
bilhões com a cobrança de tarifas entre janeiro e setembro
deste ano, segundo levantamento do Banco Central a partir dos balanços das 101 instituições financeiras que operam
no Brasil. A receita com a prestação de serviços nesse período
cresceu 17,2% em relação aos
primeiros nove meses de 2006.
Os valores incluem apenas as
taxas cobradas em serviços
bancários propriamente ditos.
Tarifas praticadas por produtos que não são administrados
diretamente por instituições financeiras, e sim por algumas de
suas subsidiárias -seguros,
planos de previdência e cartões
de crédito, por exemplo-, não
estão incluídos na pesquisa.
A cobrança de tarifas ajudou
a impulsionar o lucro do sistema financeiro, que, segundo o
BC, neste ano estava acumulado em R$ 31,6 bilhões até setembro, 33% a mais do que
2006. A maior lucratividade
também está relacionada a fatores como a expansão do crédito e com algumas operações
atípicas, como a venda da participação que alguns bancos tinham na Serasa e na Redecard.
Mas a prestação de serviços
responde por fatia cada vez
maior do faturamento das instituições financeiras. Um dos
métodos usados no mercado
para analisar esse peso é a relação entre a receita com tarifas e
as despesas com funcionários.
Entre janeiro e setembro de
2006, os ganhos com tarifas superavam o valor da folha de pagamento dos bancos em 21,4%.
Neste ano, foi a 29,8%.
Por outro lado, o aumento na
arrecadação de tarifas é acompanhado por um forte crescimento na quantidade de reclamações contra os serviços prestados. No mês passado, o BC recebeu 5.402 reclamações de
clientes contra os bancos, mais
que o dobro das 2.277 em outubro de 2006.
O próprio ministro da Fazenda, Guido Mantega, já chegou a
dizer que "o ideal seria que todo
o sistema financeiro brasileiro
tivesse lucros um pouco menores". Hoje o governo promete
anunciar um pacote de medidas para restringir a cobrança
de tarifas bancárias. Entre as
principais iniciativas, deve estar a limitação no número de
tarifas diferentes que os bancos
podem cobrar, padronização de
nomenclaturas e periodicidades fixas para reajustes.
O economista-chefe da Febraban (Federação Brasileira
dos Bancos), Nicola Tingas, diz
que a rentabilidade dos bancos
apenas acompanha o bom momento da economia brasileira.
"Todos os setores da economia
estão tendo lucros recordes, inclusive os bancos", afirma.
Tingas ressalta ainda que a
maior receita com tarifas reflete também o aumento na base
de clientes e a diversificação
dos serviços prestados pelos
bancos. Um dos exemplos disso
é o UBS Pactual, banco que normalmente não aparece entre os
que mais faturam com tarifas
mas que neste ano teve suas receitas impulsionadas pela participação no lançamento de
ações de várias empresas na
Bolsa de Valores de São Paulo.
Para Ariadne Arnosti, analista financeira do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em
Administração), uma maior regulamentação do governo nas
tarifas é positiva e deve facilitar
a vida dos clientes. "As medidas
devem facilitar a comparação
entre as tarifas dos bancos, o
que deve, portanto, incentivar a
concorrência. Hoje é muito difícil um cliente mudar de banco, talvez agora isso mude."
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