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Brasileiro deve gastar para manter emprego, diz Lula
Para presidente, todos precisam ajudar a movimentar a economia; segundo ele, trabalhador tem de consumir, e empresário, baixar preço
Lula afirmou ainda que o mercado não consegue resolver problemas sozinho, por isso o governo vai tomar mais medidas contra a crise
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse ontem em São
Paulo que o brasileiro precisa
consumir para evitar o desemprego. E, enquanto o governo
garante a oferta de crédito no
mercado, o empresário deve
baixar os preços e juros de financiamentos. "Movimentar a
economia é uma responsabilidade nossa. Essa é minha tese",
disse Lula, em entrevista após
receber a ex-senadora colombiana Ingrid Betancourt.
Para Lula, a população, às vezes influenciada pelo noticiário, não vai às compras com
medo de perder o emprego.
Mas a lógica, segundo ele, é outra: se deixarem de comprar, o
comércio venderá menos e as
fábricas de automóveis e outros
bens duráveis reduzirão a produção, provocando demissões.
"Se a sociedade brasileira resolve entender que não deva
comprar as coisas que tinha
que comprar, com medo de
perder o emprego, é preciso dizer que ela pode perder o emprego porque não comprou",
disse Lula, fazendo um alerta
aos endividados. "Se estão devendo, paguem a dívida, não façam outra, não."
Segundo o presidente, "2008
está garantido". O problema é o
próximo ano. Nesta semana, a
Vale anunciou demissão de
1.300 funcionários no mundo e
férias coletivas para mais
5.500. O ministro do Trabalho,
Carlos Lupi, previu aumento
no desemprego em 2009. "Esta
é a hora que nós precisamos da
compreensão dos empresários.
É hora de baixar juros, baixar
preços. Compreendermos que
cada um tem que fazer seu sacrifício", disse Lula.
Lula insistiu em que o Brasil,
entre os países em desenvolvimento, é o "mais preparado"
para enfrentar a crise. Mas reconheceu a escassez de crédito.
"O dinheiro encurtou, não sabemos onde está, o [presidente
da França, Nicolas] Sarkozy
não sabe onde está, o [presidente eleito dos Estados Unidos, Barack] Obama talvez não
saiba onde está. Mas esse dinheiro vai aparecer", disse.
O presidente atribuiu importância decisiva, para conter a
crise, à intervenção do governo
na economia. Mas admitiu que
as medidas tomadas até agora
ainda não surtiram o efeito desejado. "O Estado tem que ser o
indutor. Não é o mercado que
vai se salvar por si só. Já tomamos medidas na indústria automobilística, na construção civil. Vamos tomar outras porque, entre o governo tomar medidas e o dinheiro chegar à ponta, está demorando mais que o
esperado."
Alencar
Após se reunir com empresários na sede da Fiesp (Federação das Indústrias de São Paulo), o vice-presidente da República, José Alencar, reforçou
que o governo está atento às demissões. "A recomendação, da
nossa parte, é para que as empresas façam outros ajustes antes de cortar funcionários, de
maneira que atravessemos a fase mais aguda da crise."
Questionado sobre como o
governo pode ajudar o setor
produtivo, Alencar disse que é
necessário reduzir a taxa básica
de juros da economia, atualmente em 13,75% ao ano, não
paralisar investimentos, reduzir os seus próprios gastos e desonerar alguns segmentos da
economia. Segundo ele, eventuais cortes de impostos ainda
estão sendo avaliados pela Receita Federal. "O governo está
todo dia preocupado [com a crise]. O [ministro Guido] Mantega [que também participou do
encontro] anotou cada comentário dos presentes."
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