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Varejo estica parcelas, mas embute juros
Com o reaquecimento da economia, redes agora oferecem até 24 prestações
Especialistas argumentam, porém, que esse tipo de parcelamento oculta juros que podem representar até 30% do valor do produto
DANILO VILELA BANDEIRA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O reaquecimento da economia vem acompanhado por
uma corrida das grandes redes
varejistas pelo oferecimento de
financiamentos cada vez mais
longos e sem juros -mas que,
segundo especialistas, iludem o
consumidor ao embutir taxas
de até 30% do valor do produto.
Na semana passada, a rede de
hipermercados Carrefour
anunciou que irá parcelar em
seu cartão produtos eletroeletrônicos-a grande vedete do
momento para o setor- em até
24 vezes sem juros (eram 15
meses no ano passado), numa
tentativa de fazer frente à concorrência de Casas Bahia -17
vezes- e Extra (do grupo Pão
de Açúcar) -15 vezes.
A iniciativa vem no momento
em que, após um primeiro semestre de queda nas vendas, a
recuperação do emprego e da
renda e a estabilização da inadimplência permitem que as
grandes redes prevejam o melhor Natal da história.
Em meio à enxurrada de crédito, porém, há quem critique o
fato de os financiamentos serem anunciados como sendo
sem juros.
"Não existe financiamento
sem juros", diz Miguel José de
Oliveira, coordenador de pesquisas de juros da Anefac (associação do setor de finanças).
"Eles já estão embutidos no valor financiado. Se o consumidor for a uma dessas lojas e barganhar, sempre consegue descontos significativos à vista."
De acordo com Oliveira, as
redes trabalham com juros
"ocultos" de até 15% para financiamentos em 10 vezes e de
até 30% para parcelamentos de
18 a 24 vezes.
Para Alvaro Musa, consultor
da Partner Consulting e ex-presidente da Fininvest, os juros estão de fato acoplados ao
valor final do produto, mas não
prejudicam os consumidores.
"O que o varejista faz é repassar para o cliente as taxas que o
banco impõe à rede, que são
muito menores do que as praticadas para a pessoa física. O
consumidor está feliz, e o pessoal fica tentando colocar minhoca na cabeça dele."
O Carrefour, que acaba de
atingir 10,5 milhões de cartões
com sua bandeira e projeta
crescimento de 20% nas vendas de eletroeletrônicos neste
Natal, nega a prática. "Esse é
um problema que afeta os cartões de crédito", diz Ricardo
Barreto, diretor de negócios do
braço financeiro do grupo.
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