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Boom pós-crise deve gerar mais gigantes
Negócio entre Casas Bahia e Pão de Açúcar consolida movimento de formação de grandes grupos no mercado nacional
Média de transações passa a registrada antes da crise; neste semestre, foram fechados 61 negócios por mês e, no ano passado, 54
VERENA FORNETTI
DA REDAÇÃO
A compra da Casas Bahia pelo Pão de Açúcar, anunciada
anteontem, consolida a tendência de formação de grandes
grupos nacionais. Segundo
consultorias especializadas em
fusões e aquisições, o número
de transações deve crescer ainda mais nos próximos meses.
Analistas dizem que, com o
crédito em expansão, a recuperação da Bolsa e as boas perspectivas para o mercado interno, a tendência é a formação de
outros gigantes brasileiros e a
ampliação da presença do capital estrangeiro nas empresas.
Neste semestre, foram fechadas, em média, 61 fusões ou
aquisições no país por mês. A
média é maior que a do ano passado (54) e que a de 2007 (60).
Os dados são da consultoria
PricewaterhouseCoopers.
Alexandre Pierantoni, sócio
da Price, afirma que a retração
da economia diminuiu a disposição dos empresários para
comprar outras companhias,
mas acelerou a consolidação de
alguns setores, como o de alimentos, depois da fusão de Sadia e Perdigão, e o de papel e celulose, com a compra da Aracruz pela VCP (Votorantim Celulose e Papel) e pelo BNDES.
Tanto a Sadia quanto a Aracruz estavam expostas, quando
a crise estourou no país, aos derivativos cambiais. O instrumento foi usado como proteção
contra desvalorização do dólar,
mas causou prejuízos quando a
moeda disparou em 2008.
Pierantoni destaca que, com
a volta do crescimento econômico, começa outro movimento, em que as empresas farão
aquisições principalmente nos
setores em que o mercado é
fragmentado, como alimentos,
varejo e tecnologia. "As oportunidades de negócios devem
motivar não só empresas nacionais mas também estrangeiras a fazer aquisições e fusões."
Segundo o boletim Focus, divulgado semanalmente pelo
Banco Central, a previsão para
o crescimento da economia no
ano que vem é de 5%. Para a
produção da indústria, a estimativa é de alta de 6,88%.
Fundos de "private equity"
(de compra de participações
em empresas) também devem
ampliar a presença no país. O
fundo americano Carlyle, por
exemplo, anunciou na semana
passada que está prestes a fechar duas ou três transações.
"O PIB brasileiro provavelmente estará entre os cinco
maiores do mundo na próxima
década, e nós precisamos estar
lá", disse o cofundador do
Carlyle, David Rubenstein, em
entrevista à agência Reuters.
De acordo com a Price, há
dois anos fundos de "private
equity" estavam presentes em
15% das fusões e aquisições no
Brasil. O percentual neste ano
alcançou 29% até outubro.
Gigantes nacionais
Nos últimos anos, o BNDES
incentivou as empresas brasileiras a adquirir concorrentes e
a formar gigantes brasileiros. O
banco apoiou fusões como as de
Oi/Brasil Telecom e Sadia/Perdigão e estimulou as negociações entre Bertin e Marfrig, entre outros negócios que receberam injeção de recursos ou participações na oferta de ações
das novas empresas.
Luís Motta, sócio de fusões e
aquisições da consultoria
KPMG, ressalta que o ambiente
econômico no país é favorável à
formação de outros grandes
grupos nacionais. O real valorizado, as projeções positivas para o mercado interno e a ampliação do crédito facilitam os
negócios. Motta diz que a recuperação do mercado de capitais, para onde empresas podem se voltar para se capitalizar após a pior fase da crise, viabiliza novos negócios.
"Muitas empresas colocaram
seus projetos na gaveta com a
crise. A recuperação está vindo
com força e vamos ter um salto
no número de fusões até abril."
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