São Paulo, terça-feira, 07 de janeiro de 2003

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MERCADO FINANCEIRO

Projeção foi realizada pela equipe econômica anterior

Meta de inflação pode ser atingida se dólar cair a R$ 3

LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Há chances de que a inflação fique abaixo do limite máximo da meta estabelecida para este ano -6,5%-, segundo projeções realizadas em dezembro por parte da equipe econômica do governo passado. Para que isso ocorra, no entanto, o dólar precisaria recuar e estabilizar na casa dos R$ 3, e o Banco Central teria de manter firme a política monetária (leia-se juro alto) neste semestre.
Pelas reações recentes do mercado financeiro e por declarações de conservadorismo dadas pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles - que afirmou que elevaria o juro o quanto necessário fosse para conter a inflação-, o quadro que se desenha é bem próximo daquele que embasou as estimativas.
Se a inflação ficar abaixo de 6,5% neste ano -medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)-, terá superado a expectativa mais otimista realizada pelo BC em seu último relatório trimestral de inflação. No cenário alternativo do BC, se o dólar caísse para R$ 3,20 até o final do ano, o IPCA ficaria em 7,30% -portanto, acima da meta.
Para a ex-equipe econômica, passada a ansiedade inicial do mercado com o novo governo, a taxa de câmbio cairia. Nas projeções realizadas, o quanto antes o dólar recuasse e se mantivesse em torno de R$ 3, maiores seriam as chances de a inflação ficar dentro da meta estabelecida para 2003.
Outra premissa importante seria que o BC demorasse para reduzir a taxa básica de juros (hoje em 25% ao ano). De preferência que isso começasse a ser feito no segundo semestre, chegando a 20% no fim do ano.

Otimismo
Sinal claro de que as expectativas do mercado financeiro em relação ao Brasil melhoraram são os empréstimos que os bancos nacionais recomeçaram a tomar no exterior. O Bradesco conclui hoje uma captação que deve fechar em torno de US$ 150 milhões -três vezes maior do que os US$ 50 milhões inicialmente previstos.
O Banco Votorantim iniciou ontem uma pré-sondagem para emitir US$ 50 milhões em bônus (certificados de dívida) pelo prazo de 11 meses. A taxa paga aos investidores ficará entre 7,25% e 7,5%. No mês passado, o banco emitiu papéis pelo prazo de seis meses, no valor de US$ 150 milhões, à taxa de 8,125%.
"A demanda está muito grande. O prazo mais longo, a uma taxa mais baixa [em relação à operação do mês passado", demonstra o interesse do mercado internacional pelo "risco-Brasil'", disse o diretor de Tesouraria do Votorantim, Milton Eggers, responsável pela operação.
No mercado, são aguardadas também emissões de títulos do HSBC e do ABN, entre outros bancos e empresas, no mercado internacional. Isso significa ingresso de grande quantidade de dólares no mercado em curto espaço de tempo, o que contribuirá para a queda da cotação da moeda americana rapidamente.
"Vamos passar [o valor captado" do dobro do que prevíamos inicialmente. É bem provável que fique perto dos US$ 150 milhões", disse o diretor-executivo da área Internacional do Bradesco, José Guilherme Lembi de Faria.


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