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MERCADO FINANCEIRO
Projeção foi realizada pela equipe econômica anterior
Meta de inflação pode ser atingida se dólar cair a R$ 3
LEONARDO SOUZA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Há chances de que a inflação fique abaixo do limite máximo da
meta estabelecida para este ano
-6,5%-, segundo projeções
realizadas em dezembro por parte
da equipe econômica do governo
passado. Para que isso ocorra, no
entanto, o dólar precisaria recuar
e estabilizar na casa dos R$ 3, e o
Banco Central teria de manter firme a política monetária (leia-se
juro alto) neste semestre.
Pelas reações recentes do mercado financeiro e por declarações
de conservadorismo dadas pelo
presidente do Banco Central,
Henrique Meirelles - que afirmou que elevaria o juro o quanto
necessário fosse para conter a inflação-, o quadro que se desenha é bem próximo daquele que
embasou as estimativas.
Se a inflação ficar abaixo de
6,5% neste ano -medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)-, terá superado a
expectativa mais otimista realizada pelo BC em seu último relatório trimestral de inflação. No cenário alternativo do BC, se o dólar
caísse para R$ 3,20 até o final do
ano, o IPCA ficaria em 7,30%
-portanto, acima da meta.
Para a ex-equipe econômica,
passada a ansiedade inicial do
mercado com o novo governo, a
taxa de câmbio cairia. Nas projeções realizadas, o quanto antes o
dólar recuasse e se mantivesse em
torno de R$ 3, maiores seriam as
chances de a inflação ficar dentro
da meta estabelecida para 2003.
Outra premissa importante seria que o BC demorasse para reduzir a taxa básica de juros (hoje
em 25% ao ano). De preferência
que isso começasse a ser feito no
segundo semestre, chegando a
20% no fim do ano.
Otimismo
Sinal claro de que as expectativas do mercado financeiro em relação ao Brasil melhoraram são os
empréstimos que os bancos nacionais recomeçaram a tomar no
exterior. O Bradesco conclui hoje
uma captação que deve fechar em
torno de US$ 150 milhões -três
vezes maior do que os US$ 50 milhões inicialmente previstos.
O Banco Votorantim iniciou
ontem uma pré-sondagem para
emitir US$ 50 milhões em bônus
(certificados de dívida) pelo prazo
de 11 meses. A taxa paga aos investidores ficará entre 7,25% e
7,5%. No mês passado, o banco
emitiu papéis pelo prazo de seis
meses, no valor de US$ 150 milhões, à taxa de 8,125%.
"A demanda está muito grande.
O prazo mais longo, a uma taxa
mais baixa [em relação à operação do mês passado", demonstra
o interesse do mercado internacional pelo "risco-Brasil'", disse o
diretor de Tesouraria do Votorantim, Milton Eggers, responsável pela operação.
No mercado, são aguardadas
também emissões de títulos do
HSBC e do ABN, entre outros
bancos e empresas, no mercado
internacional. Isso significa ingresso de grande quantidade de
dólares no mercado em curto espaço de tempo, o que contribuirá
para a queda da cotação da moeda americana rapidamente.
"Vamos passar [o valor captado" do dobro do que prevíamos
inicialmente. É bem provável que
fique perto dos US$ 150 milhões",
disse o diretor-executivo da área
Internacional do Bradesco, José
Guilherme Lembi de Faria.
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