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MINAS E ENERGIA
Reguladoras passam a executar aquilo que ministério planejar
Agências devem perder seu poder
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Um dos principais pontos da
reestruturação do Ministério de
Minas e Energia na gestão do PT é
mudar o foco das agências reguladoras. A ANP (Agência Nacional
do Petróleo) e a Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica) deixam de tomar decisões políticas e
passam apenas a executar determinações do ministério.
Em entrevista à Folha, o novo
secretário-executivo do ministério, Maurício Tolmasquim, disse
que "cabe às agências fiscalizar e
executar as diretrizes" dadas pelo
governo. "O reajuste das tarifas de
energia elétrica será feito pela
Aneel, mas segundo a orientação
do ministério."
Ele negou que o governo esvaziará as agências. "A gente vai fortalecer as agências para atuar no
que é papel delas."
Tolmasquim afirmou que o preço dos combustíveis na refinaria
será mantido livre, seguindo as
cotações do mercado internacional. O que se estuda, disse, é uma
fórmula para amortecer o impacto das variações do petróleo e do
dólar nos preços ao consumidor.
Tolmasquim, o segundo nome
na hierarquia do ministério, citou
exemplos da gestão anterior em
que, de acordo com ele, se deixou
de formular políticas públicas. É o
caso do livre acesso concedido pela ANP ao gasoduto Brasil-Bolívia, controlado pela Petrobras.
Depois de muitas idas e vindas,
a ANP decidiu, em 2001, dar acesso à BG (do Reino Unido) para
trazer o seu gás produzido na Bolívia pelo duto construído majoritariamente pela Petrobras.
Para ele, regular preço não é
função da ANP. A agência obteve
a prerrogativa do CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) na época das eleições para reduzir o preço do gás de cozinha.
Também não é, na visão do secretário-executivo, atribuição da
ANP definir o ritmo do consumo
das reservas nacionais de petróleo. Todas as mudanças em curso
seguem, porém, "uma orientação
maior" de não ferir contratos já
estabelecidos, segundo ele.
Tolmasquim disse ainda que a
ANP não deve decidir a concessão
de blocos de exploração de petróleo, diferentemente de hoje.
Para David Zylbersztajn, ex-diretor-geral da ANP, agências reguladoras não devem determinar
políticas, mas "a gente não podia
ficar parado". "Está na hora de dizer como será a política de preços
e o modelo de incentivo à indústria nacional." Quanto ao livre
acesso, ele disse que é atribuição
legal da agência regular a questão.
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