São Paulo, terça-feira, 07 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

DESENVOLVIMENTO

Economista deve trocar toda a diretoria do banco; Paul Singer é cotado para comandar a área social

Lessa é confirmado para presidir o BNDES

ANTÔNIO GOIS
PEDRO SOARES

DA SUCURSAL DO RIO
A escolha do economista Carlos Lessa, 66, para a presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) foi confirmada ontem, após encontro dele com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, na sede do banco, no Rio. O decreto com a nomeação de Lessa deve ser publicado até amanhã no "Diário Oficial" da União.
A Folha apurou que toda a diretoria do banco deve ser substituída, até mesmo os técnicos de carreira, como o vice-presidente Isac Zagury. Para a área social, hoje sob o comando de Beatriz Azeredo, deve ser indicado o economista Paul Singer.
Singer é um dos principais economistas do PT. Sua escolha para uma diretoria do banco foi sugerida a Lessa pelo presidente Lula.
Também estão cotados Darc Antônio da Luz Costa, que foi superintendente de relações institucionais do banco no final da década de 80, e Roberto Thimoteo da Costa, ex-diretor de infra-estrutura da instituição e conselheiro do fundo de pensão do banco).
Lessa anunciou no dia 19 do mês passado que recebera e aceitara convite de Lula para assumir a presidência do banco. Furlan, no entanto, não havia confirmado seu nome até agora, o que gerou especulações sobre a aprovação da escolha de Lula pelo ministro.
Lessa e Furlan já haviam divergido publicamente sobre a proposta do ministro de criar uma estrutura com mais autonomia para cuidar apenas da exportação, nomeando outro nome para a função, o que diminuiria o poder de Lessa. O futuro presidente do BNDES disse ser contrário à idéia.
Na gestão Lessa, o BNDES deve mudar de rumo. Nas duas últimas administrações, sua prioridade foi desenvolver o mercado de capitais para que a contrapartida do BNDES nos financiamentos a empresas pudesse ser menor. Assim, sobrariam recursos para as áreas sociais e de exportação, que ganharam espaço nos últimos anos.
Outra provável mudança é a volta ao modelo antigo de administração do banco, que priorizava uma visão setorial. O modelo foi modificado em 2001, na gestão do ex-presidente Francisco Gros. Hoje, estuda-se a viabilidade e o risco do banco em cada projeto.
Com a volta da visão setorial, mesmo que um projeto signifique um risco maior para o banco, ele terá mais chances de financiamento se for importante para o setor. Prevalecerá a visão de que o BNDES é o principal agente de política industrial do país.


Texto Anterior: Montadoras: Ford reativa o terceiro turno em Taubaté
Próximo Texto: Minas e Energia: Agências devem perder seu poder
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.