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Empresa subornou políticos, diz diretor financeiro
DA REDAÇÃO
Fausto Tonna, ex-diretor financeiro da Parmalat, afirmou, em
depoimento à Justiça italiana, que
a empresa subornou políticos durante sua fase de expansão. Mas o
executivo não citou nomes de políticos nem revelou em que países
houve pagamento de propina.
As informações estão em reportagem de hoje do jornal britânico
"Financial Times", que cita fontes
judiciais. Ainda de acordo com o
"FT", pessoas ligadas à empresa
disseram que a Parmalat tinha como costume inflar o preço de empresas compradas na América Latina para incluir o valor a ser pago
no suborno a políticos.
Tonna, que está detido em Parma, foi interrogado ontem pelo
segundo dia consecutivo. O executivo nega o envolvimento direto nas fraudes e afirma que apenas seguia as instruções de Calisto
Tanzi, 65, fundador e ex-presidente da Parmalat.
Tanzi, que está detido em Milão,
comandou a empresa até o mês
passado, quando a crise na empresa provocou sua renúncia. O
empresário confessou ter desviado, para empreendimentos particulares, cerca de 500 milhões
em recursos da empresa, o que é
irregular, por tratar-se de uma
companhia de capital aberto.
Os promotores italianos estão
cruzando os depoimentos dos antigos diretores da empresa com as
informações obtidas em documentos recolhidos na sede do
grupo e nas firmas de auditoria
Grant Thorton e Deloitte & Touche Tohmatsu.
No depoimento de ontem, Tonna também deu detalhes sobre o
papel dos bancos italianos e estrangeiros no financiamento da
expansão da multinacional, que
nasceu como uma modesta empresa de laticínios, há 40 anos, e
hoje está presente em 30 países.
A Parmalat entrou em concordata no mês passado, após a revelação de fraudes em seu balanço
financeiro. A companhia está sendo administrada por um interventor do governo italiano. Estima-se que o buraco no balanço
seja da ordem de 10 bilhões, o
equivalente a fraude da tele norte-americana WorldCom.
Acionistas processam
Começam a aparecer os primeiros processos civis contra a Parmalat. Investidores tentaram recuperar na Justiça o dinheiro que
perderam com a desvalorização
dos papéis da empresa.
Até ontem, pelo menos três grupos de investidores abriram processo nos EUA. Em dois casos,
aparecem também como réus o
Citigroup e as auditorias Grant
Thorton e Deloitte. As empresas
informaram que ainda não foram
notificadas sobre o processo e não
poderiam comentá-los.
O Citigroup criou para a Parmalat um instrumento financeiro,
conhecido como "Buconero"
(buraco negro, em italiano), para
que as subsidiárias do grupo emprestassem recursos umas para as
outras. Existe a suspeita de que o
mecanismo era utilizado para o
desvio de recursos do grupo.
A Parmalat contratou a firma de
advocacia Weil Gotshal & Manges, a mesma que defendeu a
Enron (do setor de energia) e
WorldCom, para assessorá-la nos
EUA. Ambas as empresas protagonizaram os maiores escândalos
da história recente dos EUA.
Com agências internacionais
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