|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Fundo no Brasil pode ser liquidado
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os cotistas do fundo de recebíveis de crédito Parmalat, administrado pelo banco Itaú, decidiram
ontem convocar assembléia para
o próximo dia 19 para deliberar
sobre a liquidação antecipada do
fundo.
A decisão foi tomada após analisarem a crise pela qual passa o
grupo italiano e seus reflexos nas
operações da Parmalat do Brasil.
O fundo foi criado em 27 de novembro passado, e sua carteira é
composta por contas a receber da
Parmalat e vendidas ao banco como forma de financiar o capital de
giro da empresa. O Itaú comprou
os recebíveis da Parmalat e emitiu
cotas do fundo captando R$ 110,5
milhões de investidores.
O fundo Parmalat é um fundo
fechado, protegido contra falência e no qual só entram investidores qualificados (em geral empresas e instituições financeiras). As
cotas emitidas vencem em novembro de 2006, mas os cotistas
temem que a deterioração da situação financeira da Parmalat
acabe, no futuro, afetando os papéis que o fundo tem de ter em
carteira. Eles temem que, numa
crise mais aguda, a Parmalat deixe
de entregar mercadorias e os recebíveis virem pó.
De acordo com as normas da
CVM (Comissão de Valores Mobiliários), até o final de fevereiro o
fundo tem de ter 50% de seus ativos composto por recebíveis da
empresa. Como esses papéis vencem a cada dez dias, em média, os
gestores do fundo têm de comprar, continuamente, novos recebíveis para recompor a carteira.
No entanto, com a crise do grupo italiano, que entrou em "default" em dezembro ao não honrar uma opção de compra de
ações da Parmalat do Brasil, os
gestores do fundo suspenderam a
compra de novos recebíveis no
dia 19 de dezembro. A partir desse
momento, começaram a fazer caixa para honrar o compromisso
com os investidores.
Hoje, segundo Sérgio Garibian,
diretor-adjunto da Standard &
Poor's, o fundo tem apenas 23%
do seu patrimônio alocado em recebíveis da Parmalat. "E todos
vencem em dez dias, portanto se
for decidida a liquidação antecipada do fundo, dá para pagar os
cotistas", diz ele.
A S&P mantém o rating
"brAAAf" atribuído ao fundo, um
dos mais altos na escala de análise
de risco da empresa. "Os ativos do
fundo não se misturam aos ativos
da Parmalat, e os recebíveis estão
sendo honrados: as mercadorias
foram entregues pela empresa e
seus clientes estão pagando o
banco", diz Garibian.
Segundo o diretor da S&P, a decisão de encerrar o fundo, a ser tomada no próximo dia 19, independe da avaliação de risco que a
agência faz dele. "Os investidores
se baseiam nas perspectivas da
empresa", diz Garibian.
A CVM está acompanhando de
perto a situação do fundo. Segundo seu presidente, Luiz Cantidiano, "não deve haver problema para pagar os cotistas, pois o fundo
tem em caixa 90% do valor captado junto aos investidores".
Texto Anterior: Empresa subornou políticos, diz diretor financeiro Próximo Texto: Saiba mais: No país, empresa eleva preços para aumentar receita Índice
|