JOÃO SANDRINI
DA FOLHA ONLINE, EM BRASÍLIA

SÉRGIO RIPARDO
DA FOLHA ONLINE

A caderneta de poupança teve no ano passado captação líquida (diferença entre resgates e aplicações) negativa de R$ 9,987 bilhões, segundo dados do Banco Central até 30 de dezembro.
Trata-se da maior perda de recursos da caderneta, considerada a aplicação financeira mais tradicional e popular do país, pelo menos desde 1996, de acordo com os dados disponibilizados pelo BC.
Já os fundos de investimentos fecharam 2003 com captação positiva de R$ 59,9 bilhões, segundo a Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimentos). Esse valor é recorde para o setor.
As perdas da poupança foram influenciadas pela migração para aplicações que pagaram maiores retornos aos investidores. Os fundos DI (que acompanham a taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic) tiveram rentabilidade média de 23% ao ano. Enquanto isso, a poupança pagou pouco menos de 1% ao mês durante 2003.
Apesar de baixo, o retorno da poupança ficou acima da inflação. A rentabilidade no ano passado foi de 11,1%, enquanto o IGP-M fechado ficou em 8,71% no ano. Desde 1998 o rendimento da poupança não conseguia bater os índices de preços.
Desde outubro do ano retrasado, a caderneta de poupança vinha registrando captação líquida negativa em todos os meses. A situação mudou em novembro (positiva em R$ 983 milhões) e dezembro (R$ 2,813 bilhões até o dia 30, podendo ainda haver pequenas alterações no saldo até dia 31 apesar de tratar-se de um feriado bancário) do ano passado.
O resultado melhor nos dois últimos meses do ano de 2003, no entanto, pode ser apenas sazonal e influenciado pelo pagamento do 13º salário naquele período.
Apesar da captação líquida negativa no ano, o saldo da caderneta de poupança aumentou, passando de R$ 139,642 bilhões ao final de 2002 para R$ 143,489 bilhões em 30 de dezembro de 2003.
O aumento do saldo é explicado pelos rendimentos acumulados pelas cadernetas de poupança no período, que, somados, alcançaram quase R$ 14 bilhões.


Fundos de renda fixa
As carteiras de renda fixa foram as que mais registraram no ano passado ingresso de recursos, com R$ 29,7 bilhões. Já os fundos multimercados, também chamados de fundos mistos, captaram R$ 23,6 bilhões em 2003.
O ingresso de recursos nas carteiras de previdência somou R$ 8,7 bilhões. Os cambiais captaram R$ 1,4 milhão, e os Fiex (fundos de investimento no exterior) registraram saída de R$ 79,9 milhões no mesmo período.
Em 2002, a fuga de recursos dos fundos atingiu R$ 64,7 bilhões por causa das turbulências no mercado com a eleição presidencial e a mudança na regra do cálculo das cotas, que desvalorizaram e assustaram os investidores na época. As mudanças daquele período, inclusive, influenciaram os saldos da caderneta de poupança, que, nos meses de junho, julho e agosto do ano retrasado, obteve mais de R$ 13 bilhões em depósitos superiores aos resgates -captação líquida.
O patrimônio dos fundos encerrou o ano passado somando R$ 484,1 bilhões. A indústria brasileira de fundos é a 13ª maior do mundo e a maior da América Latina. O ranking é liderado pelos Estados Unidos, onde o patrimônio dos fundos atinge quase US$ 7 trilhões.


Texto Anterior: Crédito: Fabricante pede extensão do FAT-linha branca
Próximo Texto: Trabalho: Em reunião hoje, Lula deve cobrar empregos
Índice