São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2004

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EMPRESAS

Braskem e Ipiranga são alvos

Petrobras quer avançar no setor petroquímico

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

A direção da Petrobras já definiu sua prioridade para 2004: aumentar a participação na petroquímica e participar da gestão de empresas do setor. Para avançar na estratégia, o alvo principal é a compra da IPQ (Ipiranga Petroquímica) -que poderia levar à reestatização da Copesul, central de matérias-primas petroquímicas do Rio Grande do Sul.
A estatal também estuda aumentar sua fatia na Braskem, gigante brasileira do setor. Segundo a Folha apurou, as duas negociações caminham paralelamente e uma não exclui a outra. Estão, porém, mais avançadas as conversas com as cinco famílias controladoras do Grupo Ipiranga.
Endividada por causa dos investimentos em petroquímica, a Ipiranga quer sair do setor e focar sua atuação na distribuição de combustíveis. Com uma dívida reestruturada de US$ 400 milhões, a IPQ está "sangrando" o caixa do grupo, dizem analistas.
Com a IPQ, a Petrobras passaria a controlar a Copesul, planta mais moderna do setor. Se a aquisição for concretizada, a Petroquisa (braço petroquímico da estatal) ficaria com 45% da Copesul.
Seria uma reestatização, já que a companhia, uma ex-controlada da Petroquisa, foi privatizada no governo Collor (1990-1992).
Questionado sobre a possível compra da IPQ, José Eduardo Dutra, presidente da Petrobras, afirmou, no mês passado, que a Ipiranga é uma empresa que está com dívidas, e a Petrobras quer investir em petroquímica, havendo então uma "dedução lógica".
Oficialmente, a Ipiranga informou que não está mantendo negociações com a Petrobras.
Na Braskem, o caminho para a entrada da estatal está aberto: a Petroquisa tem 11,1% do capital total da companhia (e 7,8% do capital votante), mas pode elevar para 32% até 2005. Com isso, equipararia sua participação à da Odebrecht, que controla a empresa junto com o grupo Mariani.
Dutra tem dito que o caso será decidido até 2005. Segundo ele, a Braskem está endividada, mas tem uma grande geração de caixa.
A estatal se mantém ainda hoje como acionista das principais empresas, mas não participa da sua gestão. Para Dutra, é estratégico estar junto com sócios no comando das empresas.
A direção da Braskem vê na Petrobras a chance de melhorar seu nível de endividamento, o acesso a financiamentos externos e as negociações com fornecedores.


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