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Excesso de pó e móveis com mancha na sala já foram critério de classificação
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma das escalas mais antigas
de definição do status social das
famílias foi baseada nos equipamentos existentes na sala de
estar das residências no início
dos anos 1930. Desenvolvido
no intervalo das duas Grandes
Guerras pelo professor de sociologia norte-americano
Francis Stuart Chapin, o método de estratificação social
-muito criticado posteriormente- concedia mais pontos
àqueles que tinham a melhor
sala de visitas. E ponto final.
A presença de lareira, tapetes
de bom tamanho, luz elétrica e
piano, por exemplo, aumentava
a pontuação total da família na
análise geral. Excesso de pó ou
mobília com manchas fazia
com que a casa fosse preterida
-artigos espalhados ou em desordem levavam a casa a perder
dois pontos. Móveis consertados, menos dois pontos também, e uma sala "bizarra, chocante, desarmoniosa ou agressiva", pior ainda: quatro pontos
eram tirados do total.
Descartado pelos estudiosos
nos anos 40 -por retratar apenas o nível de conforto das famílias, e não a escolaridade, por
exemplo, ou o efeito da renda-,
esse modelo de estratificação
social ainda foi testado nos
EUA em 1942. Uma pequena
amostra de 67 famílias negras
em Minneapolis participou do
teste, e chegou-se à conclusão
de que era preciso fazer algumas alterações. Logo depois,
caiu em desuso, segundo relata
em artigo o professor e doutor
em administração pela FEA-USP Fauze Mattar.
Estranhos conceitos
Nos anos seguintes, outros
modelos apareceram. Em 1940,
a revista "Fortune" resolveu fazer um levantamento com
5.207 pessoas para que elas
mesmas definissem a que classe pertenciam. Cerca de 80%
dos americanos se autoclassificaram de classe média. Como
na pesquisa havia só três opções a escolher (classe alta, média ou baixa), os economistas
criticaram a tentativa por considerá-la distorcida e tendenciosa. Foi então que se resolveu
somar na lista de escolhas a opção "classe trabalhadora". Resultado: 51% achavam que pertenciam a esse grupo -a classe
média se reduziu para 43%.
Nos anos 80, dois economistas concluíram que a pesquisa
da "Fortune" tinha uma série
de manipulações, de maneira
que o pesquisador pudesse ter o
resultado que bem entendesse.
Quando os dados da "Fortune" foram publicados pela primeira vez, a revista concluía
que o capitalismo não havia
criado divisão de classes e que o
povo americano era consciente
do status alcançado.
Foi nos anos 60 que se chegou, nos EUA, a um modelo um
pouco mais próximo do aceitável -porém estatísticos ainda o
criticavam. Nele, variáveis como educação e renda passaram
a ser as principais determinantes do status econômico do indivíduo na sociedade.
Nos últimos 20 anos, com o
crescimento no número dos
institutos de pesquisa que fazem levantamentos nas áreas
de consumo e poder de compra,
houve uma evolução nos modelos de análise econômica das
classes no mundo. Hoje, os modelos de pesquisa de classificação variam de país a país. A diferença está, basicamente, na
forma como é feita a classificação: se por renda ou por posses
de bens e nível educacional do
chefe de família.
(AM)
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