São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Mantega reúne lideranças para discutir crise

Um dia depois de a produção industrial registrar uma das maiores quedas da história, Guido Mantega (Fazenda) se reúne, hoje, em Brasília, com nove associações empresariais para debater os efeitos da crise.
O encontro também deve formalizar a criação de um grupo de acompanhamento da crise para o governo ter condições de adotar medidas para socorrer aqueles setores mais atingidos pela turbulência.
Foram convidados para a reunião de hoje os presidentes das seguintes entidades: Abia (alimentação), Cbic (construção civil), Anfavea (automóveis), Abdib (infraestrutura), IBS (siderurgia), CNI (indústria), Abimaq (máquinas e equipamentos), Sindipeças (autopeças) e Anamaco (material de construção).
Já há alguns meses, desde que a crise se agravou, o Ministério da Fazenda montou um gabinete especial de acompanhamento da crise coordenado pelo secretário de Política Econômica, Nelson Barbosa. Muitas das medidas tomadas pela Fazenda até agora se originaram nesse grupo.
O encontro de hoje deve estruturar de forma mais elaborada a criação desse grupo de acompanhamento da crise.
Será a oportunidade também de os empresários sugerirem algumas medidas ao governo com o objetivo de evitar o aumento do desemprego, que é o grande temor do presidente Lula. O governo quer impedir que as férias coletivas se transformem em demissões.
Os empresários devem sugerir aumento dos investimentos públicos e redução dos juros cobrados pelos bancos oficiais. O Banco do Brasil tem sido alvo constante de críticas por estar cobrando juros equivalentes aos das instituições privadas.

AO TRABALHO
O medo do desemprego oscilou em 2008. Manteve-se próximo de seu piso histórico, mas subiu em dezembro, segundo pesquisa de CNI/Ibope com 2.002 pessoas em 141 municípios sobre o temor das pessoas de perder o emprego. O índice de dezembro subiu 4,9% ante setembro e atingiu o seu maior valor no ano. O percentual de pessoas que estão com muito medo do desemprego foi de 21% para 25%. O de pessoas que disseram não estar com medo recuou de 46% em setembro para 41% em dezembro.

Resultado da indústria favorece corte de 0,75 no juro, diz banco

A redução de 5,2% da produção industrial de novembro em relação a de outubro de 2008 eleva a probabilidade de corte de 0,75 ponto percentual na taxa básica de juros na próxima reunião do Copom, que será realizada nos dias 20 e 21 deste mês. A análise é do Credit Suisse, que já projeta uma redução de juros nesse patamar desde a última reunião do órgão.
"No nosso entender, os indicadores divulgados desde a publicação da ata da reunião de dezembro [do Copom], o relatório de inflação de dezembro e as nossas expectativas para os próximos indicadores a serem divulgados contribuirão para uma melhora do balanço de riscos para a inflação da autoridade monetária", afirma o banco, em relatório de ontem.
O Credit Suisse espera que a inflação ao consumidor permaneça baixa, pois a deflação nos índices de preço no atacado sugere baixo risco do repasse da depreciação cambial para a inflação nos próximos meses. A desaceleração da atividade econômica também contribui para a redução dos risco inflacionário e favorece o corte de juros, diz o banco.
Para o Credit Suisse, o IPCA de dezembro ficará abaixo das expectativas do mercado e fechará o mês com alta de 0,25%.

MOTOR LIGADO
Walther Biselli Jr. acaba de assumir a presidência da Brasil & Movimento, dona das marcas Sundown Motos e Sundown Bikes. Em meio à crise, a empresa, que manteve o crescimento no ano de 2008 com pequena desaceleração nos últimos meses, deve atuar em duas frentes. A primeira ação será incrementar as linhas de crédito para os modelos mais populares da empresa. A outra ideia é diversificar o portfólio com produtos de maior valor agregado. "O nosso mix ainda é bem concentrado no segmento popular, nosso consumidor é muito sensível a crédito. Queremos também atrair um cliente que não dependa tanto do crédito", afirma Biselli Jr.. O volume de unidades emplacadas da Sundown Motos cresceu 3,3% no acumulado de janeiro a novembro ante o mesmo período de 2007.

NA GÔNDOLA
Aproximadamente 30% dos consumidores no mundo todo decidem qual marca irão comprar apenas quando estão dentro da loja, segundo pesquisa sobre decisão do consumidor no ponto-de-venda feita pela Ogilvy Action, braço de ativação de marcas do grupo Ogilvy. Foram ouvidos 14 mil consumidores em 28 países, entre eles o Brasil. Cerca de 67% tomam pelo menos uma decisão no ponto-de-venda que muda sua lista de compra feita em casa ou a intenção que tinham de comprar antes de entrar na loja. Cerca de 36% mudam a marca na hora da compra. Se a marca pretendida está fora de estoque, 24% compram outra marca.

SURPRESA
O final do ano passado reservou uma curiosidade ao setor automobilístico. No dia 30 de dezembro, foi registrado o maior número de licenciamentos de automóveis em um único dia. Ao todo, foram emplacados 19.827 veículos. Esse número recorde foi só um suspiro. Nos primeiros dias de 2009, a quantidade de licenciamentos diários está em torno de 8.000. O recorde do dia 30 ficará na história como uma mera curiosidade.

CARAVANA
Roque Pellizzaro Júnior, presidente da CNDL (Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas), viaja a Nova York com outros 184 comerciantes brasileiros para participar da convenção da NRF (National Retail Federation), o maior evento de varejo do mundo, que será realizado na segunda-feira. A principal discussão do evento neste ano será a crise global, suas consequências e possíveis soluções para conter a queda nas vendas.

POUSO

ABDIB SUGERE À ANAC MODELO MISTO PARA SETOR AEROPORTUÁRIO
A Abdib encaminhou à Anac uma proposta de modelo misto para o setor aeroportuário. A associação sugere que os aeroportos rentáveis sejam leiloados para a iniciativa privada e que os não-rentáveis fiquem sob gestão da Infraero. A proposta se baseia em concessões onerosas, com a cobrança de outorga dos vencedores dos leilões para viabilizar recursos ao governo para gerir os aeroportos menos rentáveis. A Anac e o BNDES estão elaborando um modelo de gestão dos aeroportos brasileiros para apresentar ao governo.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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