São Paulo, quarta-feira, 07 de janeiro de 2009

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País volta a captar no exterior, mas paga maior juro desde 2006

JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Tesouro Nacional emitiu ontem US$ 1 bilhão em títulos da dívida brasileira no exterior, a primeira captação desde o agravamento da crise internacional. Os juros que serão pagos, de 6,127% ao ano, são os mais altos oferecidos desde novembro de 2006 em papéis com as mesmas características.
Há oito meses o governo federal não fazia uma captação internacional. Os papéis, Global 2019, foram oferecidos na Europa e nos Estados Unidos. Hoje, serão ofertados mais US$ 25 milhões no mercado asiático. Os títulos têm prazo de dez anos. A emissão foi feita pelos bancos Goldman Sachs e Merrill Lynch.
O Ministério da Fazenda informou que o resultado da emissão foi considerado positivo diante das condições de mercado. O Tesouro considerou que era o momento de emitir títulos para dar referência principalmente aos bancos que pretendem voltar a captar no exterior para oferecer crédito no mercado interno brasileiro.
A emissão de títulos públicos no exterior, que eleva a dívida pública, serve de referência para as empresas brasileiras que querem captar dinheiro no mercado externo, emitindo títulos privados. Sem os papéis do governo, os investidores internacionais ficam sem parâmetro sobre o risco e os juros que devem aceitar. Por isso, mesmo sem precisar de financiamento, o país deve fazer periodicamente uma emissão.
O Brasil foi o terceiro país latino-americano que fez emissão internacional de títulos desde julho do ano passado. Ontem, depois de o Tesouro anunciar a oferta dos Global 2019, a Colômbia decidiu oferecer também títulos externos.
A última emissão de títulos federais da dívida externa do Brasil foi no dia 7 de maio, a única do ano passado, quando foram vendidos US$ 525 milhões dos títulos soberanos chamados de Global Bonds com vencimento em 2017.
Naquela época, o Brasil ainda não tinha recebido o "investment grade" de duas agências de classificação de risco, o que classifica o país como um local seguro para investimentos. A crise internacional também não tinha chegado ao pior período, o que só ocorreu em setembro, com a quebra do banco Lehman Brothers.
O economista-sênior da Itaú Corretora, Maurício Oreng, lembra que faz parte também da estratégia de administração da dívida a emissão de títulos. Ele afirma que as reservas internacionais ainda são altas, mas o fluxo de dólares do Brasil está negativo. Por isso, é bom para o país manter uma reserva maior em moeda estrangeira.
"O pior da crise já passou, mas o crédito ainda está escasso no mundo. O Tesouro tem que aproveitar qualquer janela de oportunidade para emitir títulos", disse o economista.
A dívida externa do governo federal é de US$ 130 bilhões, representa apenas 9,5% da dívida federal total, segundo dados do Tesouro de novembro.


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