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País volta a captar no exterior, mas paga maior juro desde 2006
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Tesouro Nacional emitiu
ontem US$ 1 bilhão em títulos
da dívida brasileira no exterior,
a primeira captação desde o
agravamento da crise internacional. Os juros que serão pagos, de 6,127% ao ano, são os
mais altos oferecidos desde novembro de 2006 em papéis com
as mesmas características.
Há oito meses o governo federal não fazia uma captação
internacional. Os papéis, Global 2019, foram oferecidos na
Europa e nos Estados Unidos.
Hoje, serão ofertados mais US$
25 milhões no mercado asiático. Os títulos têm prazo de dez
anos. A emissão foi feita pelos
bancos Goldman Sachs e Merrill Lynch.
O Ministério da Fazenda informou que o resultado da
emissão foi considerado positivo diante das condições de
mercado. O Tesouro considerou que era o momento de emitir títulos para dar referência
principalmente aos bancos que
pretendem voltar a captar no
exterior para oferecer crédito
no mercado interno brasileiro.
A emissão de títulos públicos
no exterior, que eleva a dívida
pública, serve de referência para as empresas brasileiras que
querem captar dinheiro no
mercado externo, emitindo títulos privados. Sem os papéis
do governo, os investidores internacionais ficam sem parâmetro sobre o risco e os juros
que devem aceitar. Por isso,
mesmo sem precisar de financiamento, o país deve fazer periodicamente uma emissão.
O Brasil foi o terceiro país latino-americano que fez emissão internacional de títulos
desde julho do ano passado.
Ontem, depois de o Tesouro
anunciar a oferta dos Global
2019, a Colômbia decidiu oferecer também títulos externos.
A última emissão de títulos
federais da dívida externa do
Brasil foi no dia 7 de maio, a
única do ano passado, quando
foram vendidos US$ 525 milhões dos títulos soberanos
chamados de Global Bonds
com vencimento em 2017.
Naquela época, o Brasil ainda
não tinha recebido o "investment grade" de duas agências
de classificação de risco, o que
classifica o país como um local
seguro para investimentos. A
crise internacional também
não tinha chegado ao pior período, o que só ocorreu em setembro, com a quebra do banco
Lehman Brothers.
O economista-sênior da Itaú
Corretora, Maurício Oreng,
lembra que faz parte também
da estratégia de administração
da dívida a emissão de títulos.
Ele afirma que as reservas internacionais ainda são altas,
mas o fluxo de dólares do Brasil
está negativo. Por isso, é bom
para o país manter uma reserva
maior em moeda estrangeira.
"O pior da crise já passou,
mas o crédito ainda está escasso no mundo. O Tesouro tem
que aproveitar qualquer janela
de oportunidade para emitir títulos", disse o economista.
A dívida externa do governo
federal é de US$ 130 bilhões, representa apenas 9,5% da dívida
federal total, segundo dados do
Tesouro de novembro.
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