São Paulo, quinta-feira, 07 de janeiro de 2010

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Baixo investimento em inovação trava economia

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

Embora o Brasil comemore a expansão do consumo interno e o êxito das exportações de produtos agrícolas e minérios, é na inovação que está a chave para o seu crescimento sustentável nos próximos anos, segundo os especialistas.
No Brasil, apenas 1,13% do PIB (Produto Interno Bruto) é usado em pesquisa e desenvolvimento de novas mercadorias e técnicas, de acordo com os dados mais recentes, de 2008, do Ministério da Ciência e Tecnologia. Nos EUA, o percentual era de 2,68% em 2007; na China, estava em 1,49%. E esses países têm PIBs muito maiores que o brasileiro.
Produtos manufaturados que empregam tecnologia geram mais riquezas ao país porque na sua fabricação são utilizados mais mão de obra e mais matéria-prima, que geram produtos de maior valor.
Além disso, por causa da crise econômica internacional de 2008/2009, as mercadorias sofisticadas se tornaram um diferencial competitivo fundamental para as companhias. Seja no mercado global, seja no doméstico, ganhará espaço quem oferecer itens superiores.
"Tanto as empresas quanto o governo sabem que investir em pesquisa é fundamental. O problema, agora, é como fazer disso uma estratégia e acelerar o processo, porque China e Índia andam depressa", diz Roberto Nicolsky, presidente da Protec (Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica), entidade que reúne as principais associações industriais do país.
Apostar na criação de produtos é um grande risco para as companhias -nem sempre dá certo. Retirar recursos do seu capital de giro, escasso, ou tomar emprestado, o que é caro, para esse fim parece desanimador aos olhos do empresário, que acaba preferindo importar o componente de que precisa.
Por isso, o apoio do poder público, que deve dividir o risco com a iniciativa privada, é essencial, dizem os analistas.
A Lei da Inovação Tecnológica, de 2004, é apontada como um avanço. Pequeno, no entanto, no que diz respeito às possibilidades de investimento do governo: só permite que o Estado aplique dinheiro em despesas correntes, como pagamento de funcionários e compra de insumos, não em máquinas, equipamentos e construção de laboratórios.
"Outra dificuldade é que sempre houve a visão de que os responsáveis por gerar inovação estavam na esfera pública, nas universidades e centros de pesquisa do governo. Felizmente, essa mentalidade está mudando, e o relacionamento das empresas com as instituições de ensino tem crescido e melhorado", afirma Patricia Toledo, diretora de transferência de tecnologia e propriedade intelectual da Inova, agência de inovação da Unicamp.


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