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Baixo investimento em inovação trava economia
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
Embora o Brasil comemore a
expansão do consumo interno
e o êxito das exportações de
produtos agrícolas e minérios,
é na inovação que está a chave
para o seu crescimento sustentável nos próximos anos, segundo os especialistas.
No Brasil, apenas 1,13% do
PIB (Produto Interno Bruto) é
usado em pesquisa e desenvolvimento de novas mercadorias
e técnicas, de acordo com os dados mais recentes, de 2008, do
Ministério da Ciência e Tecnologia. Nos EUA, o percentual
era de 2,68% em 2007; na China, estava em 1,49%. E esses
países têm PIBs muito maiores
que o brasileiro.
Produtos manufaturados
que empregam tecnologia geram mais riquezas ao país porque na sua fabricação são utilizados mais mão de obra e mais
matéria-prima, que geram produtos de maior valor.
Além disso, por causa da crise econômica internacional de
2008/2009, as mercadorias sofisticadas se tornaram um diferencial competitivo fundamental para as companhias. Seja no
mercado global, seja no doméstico, ganhará espaço quem oferecer itens superiores.
"Tanto as empresas quanto o
governo sabem que investir em
pesquisa é fundamental. O problema, agora, é como fazer disso uma estratégia e acelerar o
processo, porque China e Índia
andam depressa", diz Roberto
Nicolsky, presidente da Protec
(Sociedade Brasileira Pró-Inovação Tecnológica), entidade
que reúne as principais associações industriais do país.
Apostar na criação de produtos é um grande risco para as
companhias -nem sempre dá
certo. Retirar recursos do seu
capital de giro, escasso, ou tomar emprestado, o que é caro,
para esse fim parece desanimador aos olhos do empresário,
que acaba preferindo importar
o componente de que precisa.
Por isso, o apoio do poder público, que deve dividir o risco
com a iniciativa privada, é essencial, dizem os analistas.
A Lei da Inovação Tecnológica, de 2004, é apontada como
um avanço. Pequeno, no entanto, no que diz respeito às possibilidades de investimento do
governo: só permite que o Estado aplique dinheiro em despesas correntes, como pagamento
de funcionários e compra de insumos, não em máquinas, equipamentos e construção de laboratórios.
"Outra dificuldade é que
sempre houve a visão de que os
responsáveis por gerar inovação estavam na esfera pública,
nas universidades e centros de
pesquisa do governo. Felizmente, essa mentalidade está
mudando, e o relacionamento
das empresas com as instituições de ensino tem crescido e
melhorado", afirma Patricia
Toledo, diretora de transferência de tecnologia e propriedade
intelectual da Inova, agência de
inovação da Unicamp.
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