São Paulo, terça-feira, 07 de fevereiro de 2006

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ARRENDAMENTO

Negócios até outubro de 2005 foram 28% maiores que todo o volume de 2004; automóveis são quase 70% do total

Leasing volta a crescer e movimenta R$ 16 bi

FABRICIO VIEIRA
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

O mercado de leasing viu suas operações darem um salto no ano passado. Ainda antes de 2005 chegar a seu fim, as empresas de leasing já comemoravam níveis recordes de operações.
Levantamento do Banco Central mostra que em 2005, até outubro, o volume de novos negócios de leasing chegava a R$ 16,22 bilhões. Em todo 2004, essa cifra ficou em R$ 12,63 bilhões. Até outubro, o volume no ano já superava o total de 2004 em 28%. Em 2002, o total alcançara apenas R$ 4,63 bilhões.
O BC utilizou informações da Abel (Associação Brasileira das Empresas de Leasing) para fazer as estimativas sobre o setor.
O bem com maior participação dentro dos financiamentos via leasing foi o automóvel, que em novembro do ano passado, último dado da Abel, representava 68% do total. Outro segmento importante é o de máquinas e equipamentos, que abocanha algo em torno de 24% desse mercado.
O leasing -ou arrendamento mercantil- é uma operação realizada mediante contrato em que um cliente adquire determinado bem de fornecedor por prazo determinado. No fim do contrato (24 ou 36 meses) o cliente (pessoa física ou jurídica) pode optar por adquirir o bem.
Um exemplo: uma pessoa adquire um carro via leasing por 24 meses. Encerrado o período, ela pode ficar com o veículo. Enquanto durar o contrato, a pessoa paga uma parcela mensal (mais taxa de juros), como se estivesse quitando uma parte do valor total do bem.
"Com o atual cenário econômico, de maior estabilidade, o mercado de leasing tende a crescer ainda mais em 2006", afirma Edson Carminatti, analista financeiro do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração).
O crescimento desse tipo de financiamento para automóveis se recupera há cerca de dois anos, mas a grande explosão ocorreu mesmo em 2005. Em 2004, a frota de veículos arrendados somava 462,1 mil. No ano passado, até setembro, eram 806,7 mil.
A alta reflete o espaço que o leasing vem tomando dentro das instituições que praticam financiamento de automóveis. Na rede de concessionárias Chevrolet, essa operação representa 17% do total de financiamento de veículos, percentual que não passava de 5% no ano retrasado. Apesar da elevação da participação do leasing, o grosso do financiamento ainda é feito via crédito tradicional.
A taxa de juros praticada no leasing e no CDC (Crédito Direto ao Consumidor) não são muito diferentes. Os prazos também são parecidos. A vantagem, no caso do leasing, segundo as instituições, é a não-incidência de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), o que reduz o valor das parcelas.
No caso de um veículo vendido por um valor de mercado de R$ 22.990, parcelado em 36 meses com 20% de entrada, a economia em relação ao CDC pode chegar a cerca de R$ 330. Entretanto, o automóvel fica no nome da instituição até o débito total ser quitado.

Familiaridade
"A procura por leasing não é maior porque o vendedor acaba oferecendo o produto com o qual tem mais familiaridade. Além disso, alguns consumidores questionam o fato de o veículo não ficar no nome deles", afirma Gunnar Murillo, diretor comercial do banco GMAC, da montadora General Motors, que cobra uma taxa de juros de 1,67% ao mês.
Segundo Murillo, tanto o mercado quanto o consumidor começaram a superar o trauma causado pela desvalorização do real, em 99, quando contratos de leasing -muitos na época atrelados ao dólar- foram questionados e houve um salto na inadimplência.
"Passados alguns anos, o mercado percebeu que o leasing podia ser uma alternativa de financiamento, não mais em dólar, mas por meio de contratos com taxas prefixadas."
De acordo com Murillo, as taxas cobradas do leasing não são menores, apesar de o bem ficar no nome da instituição, porque mesmo assim não é fácil retomar o carro em caso de inadimplência. "E se o dono não paga IPVA, por exemplo, é a instituição que tem que pagar", diz.


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