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RECEITA ORTODOXA
Ministro diz que discussão no governo sobre o tema está em "fase adiantada" e que medida ajudaria a cortar juro
Palocci defende IR menor para estrangeiro
FABIANA FUTEMA
DA FOLHA ONLINE
O ministro da Fazenda, Antonio
Palocci, disse ontem que está em
"fase adiantada" no governo a
discussão do projeto de redução
de impostos sobre os investimentos estrangeiros. Segundo o ministro, a combinação dessa medida com outras ações, como o pagamento da dívida com o FMI
(Fundo Monetário Internacional), criará condições para a redução dos juros no país.
"Estamos fazendo um estudo
muito adiantado sobre a possibilidade de redução da tributação
para o investidor externo. [Queremos] que ele venha para o mercado interno e nos ajude a construir uma curva de juros de longo
prazo, que nosso mercado ainda
não tem", disse Palocci.
Com a afirmação, Palocci endossou a declaração do secretário
do Tesouro, Joaquim Levy, que na
semana passada sinalizou que o
governo tem a intenção de isentar
os investimentos estrangeiros dos
ganhos obtidos nas aplicações em
títulos de renda fixa, principalmente em papéis da dívida pública. Hoje, os investidores internacionais pagam 15% de IR sobre o
rendimento desses papéis.
Além de permitir a queda dos
juros -um dos atrativos oferecidos pelo Brasil ao investidor internacional é o juro alto-, a medida também deve estimular a entrada de capital no país, o que ajudará a financiar a dívida pública.
"É possível que o governo tome
algumas medidas em relação a esse incentivo para que o investidor
externo tenha acesso mais facilitado aos nossos títulos aqui dentro,
de forma a incentivar um perfil de
dívida mais favorável ao Brasil",
disse Palocci.
Segundo ele, o projeto reforçará
outras medidas adotadas pelo governo com o objetivo de garantir
o crescimento econômico sustentável, como a quitação da dívida
com o FMI e com o Clube de Paris, além das emissões em reais.
"Esse conjunto de medidas da administração da dívida, somado ao
efeito do controle da inflação e da
política fiscal, indica um terreno
de crescimento consistente e confiável da economia."
Acordo social
Palocci defendeu um "acordo
social" para garantir o crescimento econômico "vigoroso". "Vamos atingir um nível de crescimento mais vigoroso se tivermos
um acordo social no país. Vamos
gastar melhor e menos. Tem que
haver esforço, um acordo no país
sobre os níveis tributários, de gastos e programas que serão feitos.
Isso não pode ser apenas uma
gestão do governo, precisa ter um
olhar da sociedade."
Entre as medidas já adotadas
pelo governo para reduzir os gastos públicos está o recadastramento dos aposentados do INSS,
que deve cortar o pagamento de
benefícios fraudulentos.
Palocci disse que a criação da
Super-Receita -que unifica as
secretarias de Receita Previdenciária e Receita Federal tem o objetivo de aperfeiçoar o sistema de
arrecadação. "Queremos que a
melhoria de estrutura obtida pela
Receita Federal seja aproveitada
pela Receita Previdenciária."
Segundo ele, esse aperfeiçoamento permitirá a manutenção
da arrecadação sem elevação da
carga tributária. "Não queremos
elevar a carga e sim aumentar a
base de arrecadação e dessa forma
reduzir o peso [dos impostos] sobre as principais empresas. Precisamos melhorar a gestão e ampliar a base."
Apesar de manter o compromisso de devolver para a sociedade a elevação de arrecadação por
meio da desoneração fiscal, Palocci disse que o governo não cairá na tentação de promover nenhum "relaxamento fiscal" em
2006. "Precisamos fazer um esforço fiscal nos próximos longos
anos. Não é porque economizou
num ano e sobrou dinheiro que
vamos gastar tudo no outro."
Segundo ele, a mesma lógica será aplicada à política monetária,
que "produziu efeito negativo de
curto prazo [a desaceleração do
crescimento], mas produz o controle da inflação."
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