São Paulo, terça-feira, 07 de fevereiro de 2006

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Previdência eleva impostos, diz Levy

LUCIANA BRAFMAN
DA SUCURSAL DO RIO

Entre os desafios que o país enfrentará daqui para a frente, o secretário do Tesouro Nacional, Joaquim Levy, destacou o gasto previdenciário como percentagem do PIB, taxa que vem crescendo "ano após ano". Segundo Levy, essa despesa é a maior conta do governo - quase R$ 150 bilhões-, a principal responsável pela carga tributária elevada e, em parte, pelos juros altos do país.
"A carga tributária tem uma origem aí. E se pode dizer que também a carga de juros tem uma origem forte aí", afirmou Levy em palestra, após apresentar um gráfico com as despesas do governo. "Quando se fala em despesa corrente, em gasto do governo, a gente tem que pensar em grandes gastos, não adianta só diminuir clipes e apagar a luz...", disse.
Para ressaltar a magnitude e a evolução do gasto previdenciário brasileiro, Levy mostrou outras despesas do governo, como os gastos com pessoal, estabilizados na proporção com o PIB.
Levy tratou do assunto após apresentar diversos indicadores macroeconômicos favoráveis, como a redução da relação entre dívida pública brasileira e PIB. Disse que a taxa, atualmente em 51,6%, pode cair para 40% do PIB sem que o governo faça grandes desvios de política. Apesar de citar indicadores positivos, como esse, e afirmar que já há ganhos importantes alcançados, Levy disse que há desafios que "vão além da vontade do governo", como os gastos previdenciários.
Para ele, essa conta é uma "questão da sociedade", que deve decidir inclusive se deseja uma nova reforma previdenciária. Ele afirmou que o Brasil está maduro para discutir e avaliar o problema, traduzido pela seguinte pergunta: "Se você contribui 30 anos com uma fração do seu salário, você pode viver outros 30 anos com seu salário cheio?"

Grau de investimento
O próximo governo, segundo Levy, terá as condições para que o Brasil alcance o chamado "investment grade" ou grau de investimento, uma espécie de nota auferida por agências internacionais de risco a investimentos considerados seguros. O fato, afirmou, baixará custos de financiamento das empresas, elevará o acesso ao capital e facilitará o investimento.
"Estamos avançando muito rapidamente e ao longo do próximo governo a gente tem tudo para conseguir isso."
Sobre a possibilidade de isenção de impostos para investimentos estrangeiros em títulos públicos, Levy disse que o "governo está sensível" à questão, mas que ainda não há uma análise definitiva.


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