São Paulo, terça-feira, 07 de fevereiro de 2006

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DIVERSÃO

Indústria aposta em futebol e eletrônicos para driblar concorrência com chineses e planeja se aproximar do Brasil

Copa do Mundo dá novo fôlego a brinquedos

Rosangela de Moura/Folha Imagem
Ursinhos da Steiff vestidos com uniformes de jogadores de futebol; empresas apostam na Copa do Mundo para ampliar as vendas


ROSANGELA DE MOURA
ENVIADA ESPECIAL A NUREMBERG

A Copa do Mundo dividiu com os eletrônicos os holofotes na 57ª Feira Internacional de Brinquedos de Nuremberg, que termina hoje na Alemanha.
Ursinhos e playmobil que vestiram a camisa e viraram jogadores de futebol e jogo interativo sobre a competição foram alguns dos 60 mil lançamentos exibidos por 2.785 fabricantes de 63 países.
Um dos brinquedos que ganharam o Prêmio de Inovação da feira foi o "Scene It?", da Mattel, um DVD que testa conhecimentos sobre as Copas do Mundo.
Outro foi o estádio, da Playmobil, em que jogam bonecos com pernas articuláveis. Já a Steiff mostrou uma nova versão de seu clássico ursinho vestido de jogador de futebol.
Mas o foco na Copa tem outra razão além da paixão dos alemães pelo futebol. A idéia é alavancar as vendas e aliviar os estragos causados no faturamento pela concorrência com brinquedos chineses.
Como no Brasil, os empresários alemães reclamam que a alta carga tributária encarece seus produtos. Para concorrer com a mão-de-obra barata, a Playmobil, uma das maiores empresas de brinquedos da Alemanha, transferiu parte da produção para países do Leste Europeu. Isso porque um alemão ganha cerca de 22 por hora, valor que cai para US$ 7 no Leste Europeu.
"Ainda é bastante, se compararmos ao 1 que paga o empregador chinês", avalia a diretora-geral Andrea Schauer.

Contra-ataque
Dieter Tschorn, assessor do Sindicato dos Produtores de Brinquedos, diz que a recente mudança de governo entusiasmou o setor, que espera a aprovação de reformas econômicas.
"Acreditamos que principalmente a reforma tributária diminuirá o custo social do trabalhador, deixando os produtos mais competitivos."
Outra razão para otimismo, segundo Tschorn, é que está em andamento uma parceria com a Organização Mundial dos Fabricantes de Brinquedos para criar um código de ética e restringir a venda de produtos feitos por indústrias que submetem empregados a condições subumanas e a carga elevada de trabalho.
"Não vamos competir com os produtos chineses baratos. Nosso objetivo é produzir brinquedos com qualidade e conceito."
As 1.500 indústrias alemãs de brinquedos faturaram 2,6 bilhões no ano passado.
Ernst Kick, presidente da feira, disse que, apesar da estagnação do mercado, a indústria está otimista. "Este é o ano da Copa do Mundo, que motivou vários fabricantes a desenvolver produtos com o tema."
A feira também mostrou que os europeus se renderam aos eletrônicos, que até há pouco eram importados, principalmente de países asiáticos.
A Hasbro, por exemplo, aposta na tecnologia e traz o cão E-Dog, que late, dança e faz gracinhas quando ouve música. Ele pode ser conectado ao toca-MP3, ao toca-CD ou ao computador.
A Lego mostrou o Mindstorms NXT, robô que pode ser programado pelas crianças e tem sensores que reagem a estímulos de luz, som e movimento.
Já o TV Learning Station, da Electronics Europe, traz um console, conectado à TV, que exibe conteúdo de geografia, ciências, matemática e inglês.

Dupla com o Brasil
Kick diz que está de olho no Brasil. "Já estou de malas prontas para ir à feira brasileira de brinquedos e incentivar a relação entre os fabricantes dos dois países."
O Brasil compra, por ano, US$ 52 mil em brinquedos alemães, menos de 1% do total da importação -60% desse montante é de modelismo.
Ele diz que vem ao país para negociar um estande brasileiro na feira de Nuremberg em 2007 e aproximar as indústrias dos países. Neste ano, o custo para expor na feira, em estande sem nenhum recurso, foi de 114 por m2.
Com estande básico e impostos, esse valor sobe para 220 por m2. O mínimo permitido é 9 m2. A intenção de Kick é buscar apoio da Apex (Agência de Promoção de Exportações e Investimentos), principalmente para abater os custos.
Nesta edição da feira havia apenas um estande brasileiro, o da Abrine (Associação Brasileira dos Brinquedos Educativos), que reuniu oito micro e pequenos empresários do segmento (Hotz Meister, Mitra, Comdesenho, Isatoys, Magoo, Hannickel, Origem e Entre no Paraíso).
Outras seis empresas do Brasil expuseram seus itens em espaços comercializados por seus representantes na Argentina (Roma Jensen, Bell Toys, Líder, Brinquedos Anjo, Bandeirante e Sideral).

A repórter Rosangela de Moura viajou a convite da Câmara Brasil-Alemanha.


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