|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
PT volta a criticar política do Banco Central
ADRIANO CEOLIN
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Integrantes do PT voltaram
ontem a criticar a política adotada pelo Banco Central para a
taxa de juros, e o diretório do
partido deve aprovar, no sábado, um documento pedindo
mais rapidez na queda da taxa
para estimular o crescimento.
"O BC bobeou ao desacelerar
o ritmo da redução dos juros",
afirmou o ministro Luiz Marinho (Trabalho). Segundo ele, a
taxa de juro real, que desconta a
inflação, está muito alta, e o BC
"tem que enfrentar essa questão de uma vez por todas".
Após reunião com o ministro
Guido Mantega (Fazenda), o
presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini, disse que a política adotada pelo BC está influenciando o dólar e prejudicando a indústria. Em nome do
partido, ele pediu que a queda
dos juros seja acelerada.
Em janeiro, após seis reduções consecutivas de 0,5 ponto
nos juros, o BC fez uma redução no ritmo de queda e baixou
a Selic em apenas 0,25. A decisão foi criticada por petistas,
oposição e empresários. O presidente Lula esperava que fosse
mantida a queda de 0,5 ponto.
"A taxa de juros já está influenciando a indústria brasileira e a competitividade das
exportações de vários setores",
afirmou Berzoini. Entre os setores que estariam sendo prejudicados pela valorização do
real, ele citou as indústrias têxteis, de calçados, de móveis e de
eletroeletrônicos.
Questionado sobre a eficácia
da política do BC para o câmbio, que ontem fechou a R$
2,08, e se ela está sendo mal
conduzida, Marinho disse:
"Aparentemente, sim, pois o
dólar está aí valendo R$ 2".
Marcada para o próximo sábado, a reunião do diretório nacional do PT deve servir de palco para novas críticas à política
monetária. Na reunião com
Mantega, Berzoini antecipou
que o partido deve aprovar uma
resolução defendendo mais rapidez na queda dos juros para
estimular o crescimento.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não
deverá ser citado nominalmente no documento. Mas integrantes da Executiva do PT,
reunidos ontem em Brasília,
prometeram críticas duras à
gestão dele, que renunciou ao
mandato de deputado federal
pelo PSDB em 2003 para assumir a presidência do BC.
"Se o Meirelles não estiver
satisfeito [com as críticas], tem
de conversar com o presidente,
pegar o chapéu e ir embora",
disse a deputada Maria do Rosário (PT-RS), segunda vice-presidente nacional do partido.
"Foi um balde de água fria no
PAC. É evidente que o BC não
demonstrou sintonia com o
resto do governo", disse o deputado Jilmar Tatto (PT-SP),
terceiro vice-presidente.
Ligado à ex-prefeita de São
Paulo Marta Suplicy, Tatto
adiantou que o objetivo da resolução não é "derrubar" Meirelles, mas fazê-lo mudar de
opinião. "Não tem jeito. Ou
muda a cabeça ou mudam as
pessoas", disse o deputado.
A reunião do diretório faz
parte das comemorações dos
27 anos de fundação do PT, que
ocorrerão em Salvador (BA). A
Bahia foi escolhida por conta da
eleição de Jaques Wagner (PT)
como governador do Estado.
Dentro da estratégia de garantir o apoio dos deputados da
base aliada ao PAC, os ministros Mantega e Dilma Rousseff
(Casa Civil) vão na semana que
vem ao Congresso Nacional.
Colaborou LEANDRA PERES, da Sucursal de Brasília
Texto Anterior: PAC não será alvo de nenhum corte, diz Lula Próximo Texto: Outro lado: Meirelles diz que ação do banco é correta Índice
|