São Paulo, quarta-feira, 07 de fevereiro de 2007

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PT volta a criticar política do Banco Central

ADRIANO CEOLIN
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Integrantes do PT voltaram ontem a criticar a política adotada pelo Banco Central para a taxa de juros, e o diretório do partido deve aprovar, no sábado, um documento pedindo mais rapidez na queda da taxa para estimular o crescimento.
"O BC bobeou ao desacelerar o ritmo da redução dos juros", afirmou o ministro Luiz Marinho (Trabalho). Segundo ele, a taxa de juro real, que desconta a inflação, está muito alta, e o BC "tem que enfrentar essa questão de uma vez por todas".
Após reunião com o ministro Guido Mantega (Fazenda), o presidente do PT, deputado Ricardo Berzoini, disse que a política adotada pelo BC está influenciando o dólar e prejudicando a indústria. Em nome do partido, ele pediu que a queda dos juros seja acelerada.
Em janeiro, após seis reduções consecutivas de 0,5 ponto nos juros, o BC fez uma redução no ritmo de queda e baixou a Selic em apenas 0,25. A decisão foi criticada por petistas, oposição e empresários. O presidente Lula esperava que fosse mantida a queda de 0,5 ponto.
"A taxa de juros já está influenciando a indústria brasileira e a competitividade das exportações de vários setores", afirmou Berzoini. Entre os setores que estariam sendo prejudicados pela valorização do real, ele citou as indústrias têxteis, de calçados, de móveis e de eletroeletrônicos.
Questionado sobre a eficácia da política do BC para o câmbio, que ontem fechou a R$ 2,08, e se ela está sendo mal conduzida, Marinho disse: "Aparentemente, sim, pois o dólar está aí valendo R$ 2".
Marcada para o próximo sábado, a reunião do diretório nacional do PT deve servir de palco para novas críticas à política monetária. Na reunião com Mantega, Berzoini antecipou que o partido deve aprovar uma resolução defendendo mais rapidez na queda dos juros para estimular o crescimento.
O presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, não deverá ser citado nominalmente no documento. Mas integrantes da Executiva do PT, reunidos ontem em Brasília, prometeram críticas duras à gestão dele, que renunciou ao mandato de deputado federal pelo PSDB em 2003 para assumir a presidência do BC.
"Se o Meirelles não estiver satisfeito [com as críticas], tem de conversar com o presidente, pegar o chapéu e ir embora", disse a deputada Maria do Rosário (PT-RS), segunda vice-presidente nacional do partido.
"Foi um balde de água fria no PAC. É evidente que o BC não demonstrou sintonia com o resto do governo", disse o deputado Jilmar Tatto (PT-SP), terceiro vice-presidente.
Ligado à ex-prefeita de São Paulo Marta Suplicy, Tatto adiantou que o objetivo da resolução não é "derrubar" Meirelles, mas fazê-lo mudar de opinião. "Não tem jeito. Ou muda a cabeça ou mudam as pessoas", disse o deputado.
A reunião do diretório faz parte das comemorações dos 27 anos de fundação do PT, que ocorrerão em Salvador (BA). A Bahia foi escolhida por conta da eleição de Jaques Wagner (PT) como governador do Estado.
Dentro da estratégia de garantir o apoio dos deputados da base aliada ao PAC, os ministros Mantega e Dilma Rousseff (Casa Civil) vão na semana que vem ao Congresso Nacional.


Colaborou LEANDRA PERES, da Sucursal de Brasília

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