São Paulo, quinta-feira, 07 de fevereiro de 2008

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Estrangeiro tira R$ 4,7 bi da Bolsa de SP em janeiro

Foi a maior saída de recursos externos da Bovespa já registrada num único mês

Bolsa cai 3,46% na volta do feriado de Carnaval, se ajustando às quedas do início da semana no mercado global

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A volta do feriado de Carnaval foi de ajustes na Bolsa de Valores de São Paulo. Como houve quedas fortes pelo mundo nos últimos dois dias, enquanto a Bovespa estava inativa, a baixa de ontem foi acentuada: o pregão encerrou com desvalorização de 3,46%.
O ajuste era previsto pelos analistas. A não ser que o mercado acionário norte-americano -principal referência para da Bolsa brasileira- tivesse tido um dia excepcional ontem, eram reduzidas as chances de a Bovespa escapar de fechar o pregão no vermelho.
O peso dos investidores internacionais nas operações da Bovespa atualmente é muito elevado, em torno de 35% do total. Dessa forma, era esperado que vendessem ações de empresas brasileiras para tentar compensar as perdas registradas no exterior neste começo de semana.
Em janeiro, os estrangeiros já mostraram que não estão muito pacientes para risco e protagonizaram uma fuga recorde de capital da Bovespa. No mês, o saldo das operações feitas pelos estrangeiros em pregão ficou negativo em R$ 4,73 bilhões, sendo o pior resultado mensal da história.
Em Wall Street, o índice Dow Jones fechou ontem com desvalorização de 0,53%. A Bolsa eletrônica Nasdaq recuou 1,33%. Na semana, o Dow Jones, que reúne as 30 ações norte-americanas mais negociadas, acumula perdas de 4,26%.
"A Bovespa oscila atenta à performance das Bolsas no exterior. Assim, não surpreende a baixa de hoje [ontem], se pensarmos que os mercados caíram muito lá fora, especialmente na terça", afirma Álvaro Bandeira, presidente da Apimec (Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais) e diretor da corretora Ágora.
Quem também sofreu ontem fortes ajustes decorrentes das depreciações registradas na Europa e nos EUA na terça-feira foram os mercados asiáticos. A Bolsa de Tóquio recuou 4,70% ontem, e a de Hong Kong perdeu 5,40%.
A Bovespa já abriu em queda acentuada e chegou no pior momento a recuar 3,83%. Durante o pregão, conseguiu melhorar seu desempenho, e diminuiu as perdas para 2,83%. Mas a piora em Wall Street, decorrente de declarações do dirigente do Fed (BC dos EUA) regional da Filadélfia, Charles Plosser, sobre os riscos de inflação, esfriou a possibilidade de recuperação das Bolsas.
O índice Ibovespa, formado pelas 64 ações brasileiras mais negociadas, sofreu com a queda de suas ações mais representativas e encerrou ontem aos 58.968 pontos. No ano, a baixa acumulada está em 7,70%.
O papel preferencial "A" da Vale recuou 3,82%. As ações da Petrobras repercutiram também o recuo do barril de petróleo no exterior e perderam 3,93% (ON) e 3,54% (PN). Essas ações são muito negociadas pelos estrangeiros.
Segundo Alexandre Lintz, economista-chefe do BNP Paribas, a saída de estrangeiros da Bolsa "é um movimento pontual, que ocorre devido às correções que têm havido no cenário externo".
Hoje o nervosismo pode prosseguir com a reunião do BCE (Banco Central Europeu) que definirá os juros da região, que estão em 4%. Apesar de a expectativa predominante ser de manutenção da taxa básica de juros, comentários feitos pelos dirigentes do BCE podem mexer com o sensível mercado financeiro global.

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