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País zera taxa para trigo de fora do Mercosul
Brasil autoriza importação de até 1 milhão de toneladas do produto para impedir falta do cereal no mercado interno
Medida é também reação
à posição da Argentina de impedir exportação de trigo para forçar alta nos preços no mercado internacional
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo autorizou ontem a
importação de 1 milhão de toneladas de trigo com tarifa zero
de países de fora do Mercosul,
para evitar falta do cereal no
mercado interno. A medida
também representa uma reação à política argentina de impedir a exportação para forçar
alta dos preços internacionais.
A Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo) havia pedido 4 milhões de toneladas. Ontem, a associação elogiou a decisão do governo, mas
apontou que haverá aumento
de preço do trigo, farinha, pão,
massas e outros produtos no
país neste ano.
A autorização da cota de importação de outros países, antecipada pela Folha, foi debatida pela Camex (Câmara de Comércio Exterior) na semana
passada. Mas no exato momento em que os ministros brasileiros debatiam, a Argentina
anunciou a liberação de uma
cota de 2 milhões de toneladas
de trigo para o Brasil.
Os ministros brasileiros (Desenvolvimento, Casa Civil, Itamaraty, Fazenda, Agricultura,
Planejamento e Desenvolvimento Agrário) decidiram esperar pelo comunicado oficial
do governo argentino.
A decisão, publicada no boletim oficial do país vizinho, não
indicava a cota para o Brasil
que fora anunciada no dia anterior. No papel, Buenos Aires
reabria as exportações, mas dizia que isso podia ser suspenso
a qualquer momento.
Segundo Luiz Martins, presidente do Conselho Deliberativo da Abitrigo, o trigo no Brasil
ficará mais caro neste ano, mas
ainda não é possível estimar
em quanto. Ele citou o adicional de 25% do preço da carga
que é cobrado como frete pela
marinha mercante. "Dos males, o menor. Pelo menos teremos trigo. Ainda vamos precisar de 3 milhões de toneladas.
Se não houver cota de importação o preço ficará pelo menos
16% maior para o consumidor."
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