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Perda por logística precária pode chegar a US$ 2 por saca
DO ENVIADO ESPECIAL A BALSAS (MA)
Ferido, Arlindo Fucina, então com 15 anos, apanhou um
punhado de terra e arremessou
para o alto. Fez isso várias vezes. Por sorte, funcionou. O socorro salvou sua vida depois de
cair sob um trator. Gaúcho de
Palmeira das Missões, Fucina é
hoje um preocupado produtor
no Maranhão.
Vai colher 18 mil toneladas
de soja, um recorde preocupante. Quanto vai custar o transporte de tudo isso para o porto?
Fucina avalia que gastará US$ 2
por saca. A precária logística
maranhense lhe custará
US$ 600 mil. É um custo alto,
quase 10% do valor atual da saca. É o custo real da ineficiência
logística do país.
"Com US$ 2 a mais por saco
de soja, reduziria a dependência financeira que tenho das
tradings, poderia fazer investimento na fazenda, abrir mais
áreas de produção. É só me devolver esses US$ 2 para ver o
que eu poderia fazer", diz.
Idone Luiz Grolli, produtor
de uma área de 2.600 hectares
também em Balsas, estima em
US$ 200 mil o corte de renda da
safra 2009/2010 em decorrência do custo de transporte para
os portos. A produção é negociada com as tradings (Bunge,
Cargill), que descontam do produtor o custo logístico. "Quanto mais renda na mão do produtor, menor a dependência financeira, menor o custo financeiro, menor a pressa de vender
quando o preço está ruim", diz.
Grande trading maranhense,
a Ceagro avisa que a fronteira
agrícola do cerrado nordestino
parou de crescer. "Simplesmente não dá mais para abrir
áreas. O porto estrangulou.
Sem o Tegram, não há como ter
escoamento", diz Max Bonfim,
encarregado de negociar áreas
de produção em Maranhão,
Piauí, Tocantins e Bahia, região
conhecida como "Mapitoba".
O custo de US$ 75 por tonelada, tanto para o transporte ferroviário como para o rodoviário, é pesado demais para uma
região a cerca de 800 km do que
todos afirmam ser a melhor saída para o agronegócio.
Com a colheitadeira no campo, Deone Sandri abriu a safra
do Nordeste brasileiro. A boa
produção exige bom transporte. E aí... "Tivemos problemas
em 2009. Perdemos 5% da produção devido aos congestionamentos nos portos", diz.
Como Fucina, a agricultura
arremessa terra ao alto para
que o país perceba como está o
setor que responde por 42%
das exportações nacionais.
(AB)
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