|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
INVESTIMENTO
Ações subiram em reais, mas, em dólares, o resultado é negativo
Desvalorização pulveriza ganho na Bolsa de Valores
VANESSA ADACHI
da Reportagem Local
A Bolsa de Valores superou a
crise, já subiu
mais de 20%
desde o início do
ano e foi um excelente investimento, certo?
Não é bem assim. A desvalorização cambial mudou os parâmetros
de acompanhamento da Bolsa.
A exemplo de qualquer outro
bem, como um apartamento ou
um carro, as ações perderam valor
quando analisadas em dólares.
Um apartamento de R$ 100 mil
valia US$ 82 mil antes da desvalorização do real e agora vale apenas
US$ 54 mil. Virou uma pechincha
em dólares. Foi mais ou menos isso
que aconteceu com a Bolsa.
Um levantamento feito pela consultoria Economática mostra que,
em moeda local, o Brasil liderou o
ranking das principais Bolsas do
continente. Sua valorização foi de
27,5% do início do ano até dia 4.
Em dólar, no entanto, a Bovespa,
de São Paulo, passa a ser a lanterninha do mesmo ranking, com perda
de 15%. E a liderança passa a ser de
Nova York, com alta de 1,3%.
Em grande parte, foi por isso que
a Bolsa brasileira subiu tanto em
janeiro, para compensar os efeitos
da alta do dólar.
Como muitas ações de empresas
brasileiras são negociadas também
lá fora, quando os papéis ficaram
mais baratos aqui dentro, em um
primeiro momento, logo apareceram compradores. Isso levou ao
equilíbrio com o exterior.
O analista do mercado acionário
Manuel Maceira avalia que esse é o
processo natural em países que
têm uma desvalorização.
"Na Coréia foi assim. No início,
há valorização na moeda local, para seguir a variação do câmbio. Depois, o câmbio tende a se assentar,
e a Bolsa também", diz ele.
A indexação ao dólar, entretanto,
não é perfeita. No caso brasileiro, a
alta da Bolsa não compensou toda
a desvalorização, pois os investidores descontaram a perspectiva
ruim da economia.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|