São Paulo, domingo, 7 de fevereiro de 1999

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INVESTIMENTO
Ações subiram em reais, mas, em dólares, o resultado é negativo
Desvalorização pulveriza ganho na Bolsa de Valores

VANESSA ADACHI
da Reportagem Local

A Bolsa de Valores superou a crise, já subiu mais de 20% desde o início do ano e foi um excelente investimento, certo?
Não é bem assim. A desvalorização cambial mudou os parâmetros de acompanhamento da Bolsa.
A exemplo de qualquer outro bem, como um apartamento ou um carro, as ações perderam valor quando analisadas em dólares.
Um apartamento de R$ 100 mil valia US$ 82 mil antes da desvalorização do real e agora vale apenas US$ 54 mil. Virou uma pechincha em dólares. Foi mais ou menos isso que aconteceu com a Bolsa.
Um levantamento feito pela consultoria Economática mostra que, em moeda local, o Brasil liderou o ranking das principais Bolsas do continente. Sua valorização foi de 27,5% do início do ano até dia 4.
Em dólar, no entanto, a Bovespa, de São Paulo, passa a ser a lanterninha do mesmo ranking, com perda de 15%. E a liderança passa a ser de Nova York, com alta de 1,3%.
Em grande parte, foi por isso que a Bolsa brasileira subiu tanto em janeiro, para compensar os efeitos da alta do dólar.
Como muitas ações de empresas brasileiras são negociadas também lá fora, quando os papéis ficaram mais baratos aqui dentro, em um primeiro momento, logo apareceram compradores. Isso levou ao equilíbrio com o exterior.
O analista do mercado acionário Manuel Maceira avalia que esse é o processo natural em países que têm uma desvalorização.
"Na Coréia foi assim. No início, há valorização na moeda local, para seguir a variação do câmbio. Depois, o câmbio tende a se assentar, e a Bolsa também", diz ele.
A indexação ao dólar, entretanto, não é perfeita. No caso brasileiro, a alta da Bolsa não compensou toda a desvalorização, pois os investidores descontaram a perspectiva ruim da economia.



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