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BEBIDAS
InterbrewAmBev consolida tendência de concentração; mercados latino, chinês e do Leste Europeu têm maior expansão
Emergentes atraem gigantes da cerveja
MARCELO SAKATE
DA REDAÇÃO
O interesse da belga Interbrew
pela brasileira AmBev, que resultou na criação da maior fabricante de cerveja do mundo, consolida
tendência de expansão das maiores cervejarias mundiais rumo
aos países emergentes.
Pesquisas mostram que o consumo de bebidas tem crescido
mais nas economias em expansão
do que nos já saturados mercados
norte-americano e europeu.
Nos anos 90, o mercado de cerveja no mundo teve crescimento
de 2%, liderado pela região da
Ásia e do Pacífico, cuja taxa foi o
dobro da média global. A China
foi o motor dessa expansão.
Em 2002, o país ultrapassou os
Estados Unidos para se tornar o
maior mercado mundial, com estimados 24 bilhões de litros de
cerveja consumidos. Entre 1999 e
2002, o consumo no país cresceu
cerca de 3,5 bilhões de litros, de
acordo com a consultoria Canadean, especializada no ramo.
Enquanto o mercado chinês expandiu mais de 15% no período, o
norte-americano subiu 3%.
E o potencial de ganho é promissor, pois o consumo per capita
ainda está longe das primeiras colocações. Em 2001, cada chinês
bebia menos de 20 litros por ano,
o que não conferia ao país uma
posição nem entre os "top 30". Na
líder República Tcheca, por
exemplo, o consumo anual por
cabeça era de 158,1 litros, segundo
a consultoria Euromonitor.
Para os próximos cinco anos, a
instituição prevê que o segmento
da cerveja tipo lager, o principal
para as vendas, cresça 15% na média mundial. Porém os principais
mercados, EUA/Canadá e Europa
Ocidental, são menos promissores e devem ter alta de 1,9% e
1,3%, respectivamente. Na América Latina, a estimativa é de 14%.
Não por acaso, a SAB (South
African Breweries), ao comprar a
Miller Brewing, segunda maior
fabricante norte-americana, em
maio de 2002, levou no pacote a
Pilsner Urquell e a Castle Lager,
populares no Leste Europeu e na
África, respectivamente. Essas regiões são as outras duas com
maior potencial de expansão.
Mas havia mais em jogo por trás
da aquisição da sexta maior cervejaria do mundo (Miller) pela
quarta. "As duas maiores fabricantes possuem juntas só 20% do
mercado mundial. A Miller precisa aumentar sua participação global para seguir competitiva", explicou na época o presidente-executivo da Philip Morris, Louis Camilleri, então dona da Miller
-vendida por US$ 5,6 bilhões.
Hoje as duas líderes em volume
produzido têm 25% do mercado:
a InterbrewAmBev possui 14%, e
a norte-americana Anheuser-Busch (A-B), 11%.
Em 2003 -um ano depois de
comprar a Miller-, a SAB-Miller
ainda tinha apetite. Comprou entre 51% e 60% do controle da Peroni, líder na Itália (com 25% das
vendas no país), o que lhe permitiu entrar em um dos dois mercados da Europa Ocidental que ainda crescem (o outro é o espanhol).
A holandesa Heineken, com
presença na China, nos EUA e na
África, adquiriu em junho passado a austríaca BBAG, o que lhe
rendeu a liderança na Europa
Central. No Brasil, a empresa está
presente por meio da Molson,
controladora da Kaiser.
Entre as gigantes do setor, a belga Interbrew foi quem se mostrou
mais ambiciosa, tendo adquirido
mais de 30 empresas desde o início da década passada. Há três
anos, em um intervalo de apenas
duas semanas, ela comprou duas
alemãs, a Diebels e a Beck's.
Jóia da coroa
Mas faltava presença maior na
América Latina. Quinta produtora mundial, a Ambev era tida como uma "jóia da coroa", expressão utilizada pelo diretor-executivo da Interbrew, John Brock, ao
explicar o interesse pela "aliança"
(termo usado pelas duas companhias) na quarta-feira.
Responsável por cerca de dois
terços das vendas de cerveja no
mercado brasileiro (o quarto
maior do mundo em volume,
com 8,4 bilhões de litros em 2001),
a AmBev também é a líder na
América Latina. A Skol, de sua
propriedade, é a terceira marca
mais vendida no mundo, atrás
apenas da Budweiser e da Bud
Light, ambas da A-B.
"Depois de olhar com atenção, a
fusão agora parece melhor: você
agora tem um líder mundial com
boas margens [de lucro] e melhores oportunidades de crescimento", afirmou Marc Leemans, do
banco KBC Securities.
Analistas classificaram a venda
como uma oportunidade perdida
pela A-B, então líder mundial em
vendas -ainda é a primeira em
receita, com US$ 14 bilhões em
2003, ante US$ 12 bilhões somados da Interbrew e da AmBev.
Mas mesmo a líder do mercado
norte-americano, onde estão concentrados 80% de seu faturamento, tem investido no exterior.
Com aquisições esparsas nos últimos dez anos, a A-B já detém
50,2% do Grupo Modelo, líder no
México, embora não tenha o controle administrativo. Ela possui
ainda 9,9% da maior cervejaria
chinesa, a Tsingtao Brewery.
Com agências internacionais
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