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Há vantagens e desvantagens, diz economista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A mudança no cálculo da
TR (Taxa Referencial) anunciada ontem deve trazer vantagens e desvantagens para
poupadores, trabalhadores e
mutuários.
No caso da poupança e do
FGTS, o impacto é mesmo
negativo: ambas as aplicações renderão menos. Por
outro lado, aqueles que financiaram a compra da casa
própria com empréstimo
corrigido pela TR ganham,
pois o custo de suas dívidas
ficará um pouco menor.
"Para o consumidor, há
mais desvantagens do que
vantagens", diz a economista
Hessia Costilla, da Associação Brasileira de Defesa do
Consumidor. "Em relação à
remuneração da poupança,
os bancos poderiam ter contornado a situação baixando
as taxas de administração."
Nos últimos meses, com a
redução da taxa Selic, a rentabilidade líquida dos fundos
DI e de renda fixa tem se
aproximado da remuneração
da poupança, e isso ocorre
por dois motivos. Um deles é
a taxa de administração cobrada pelos fundos, que, para
pequenos investidores, pode
chegar a mais de 4% sobre o
total aplicado.
Além disso, a caderneta
tem a vantagem de ser isenta
do Imposto de Renda. No caso dos fundos, a alíquota cobrada pela Receita Federal
pode chegar a 22,5% dos rendimentos, dependendo do
prazo da aplicação.
Além disso, Costilla afirma
que o impacto positivo para o
mutuário é menos pronunciado, pois a TR pesa menos
sobre o custo do empréstimo
habitacional do que na rentabilidade da poupança. "A
poupança rende TR mais 6%
ao ano. Normalmente os
bancos cobram, nos financiamentos imobiliários, juros de 12% ao ano, além da
TR e de outras taxas."
Por último, a economista
afirma que a menor rentabilidade da poupança desestimula esse tipo de aplicação,
e, quanto menor o saldo das
cadernetas, menor é o volume de recursos aplicado pelos bancos em crédito habitacional. Hoje, as instituições financeiras são obrigadas a destinar pelo menos
65% do dinheiro captado na
poupança em financiamentos imobiliários.
Apesar dessas desvantagens, Costilla ressalta que as
mudanças não são imediatas,
e, por isso, os consumidores
não precisam se preocupar
com quedas abruptas na rentabilidade da poupança.
Motivo: a alteração de ontem só terá efeito quando os
juros médios pagos pelos
CDBs disponíveis no mercado ficarem abaixo de 12% ao
ano. Costilla diz que isso deve ocorrer ainda neste ano,
mas não imediatamente.
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