São Paulo, quarta-feira, 07 de março de 2007

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Centrais criticam mudança na forma de cálculo da TR

Rendimentos do FGTS e da caderneta de poupança vão cair quando a taxa básica de juros da economia diminuir

Advogados da Força Sindical vão avaliar se a medida do governo é inconstitucional para entrar com ação no Supremo Tribunal Federal


DA REPORTAGEM LOCAL
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

As centrais sindicais criticaram ontem a mudança na fórmula de cálculo da TR (taxa referencial), que vai reduzir a rentabilidade da caderneta de poupança e do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo se Serviço) quando a Selic cair. A decisão, que atende a um pleito dos bancos, foi tomada pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) em reunião extraordinária realizada na segunda-feira.
O presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, considera "um absurdo" a mudança na TR. "Quando os juros chegaram a 75% ao ano, a TR não mudou. Agora que os juros caíram, eles querem diminuir o rendimento do FGTS, que já é o dinheiro mais barato do mundo. Isso é injusto", afirma.
Pereira da Silva diz que os advogados da Força Sindical vão ver se a mudança na TR que remunera o FGTS é inconstitucional ou não. "Se os advogados entenderem que é inconstitucional, vamos entrar com uma ação no Supremo Tribunal Federal. Ainda não sabemos o quanto essa mudança pode prejudicar o FGTS do trabalhador."
Para Artur Henrique da Silva Santos, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), a proposta é claramente "uma transferência de renda do trabalhador para o sistema financeiro, o setor que mais lucra neste país". "O governo retira de segmentos como saneamento e habitação, que têm ligação com o FGTS, para beneficiar os bancos, que não precisam de subsídios", avalia.
Eleno Bezerra, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores Metalúrgicos, ligada à Força, afirma que os técnicos do Banco Central estão em outro governo, não naquele que quer fazer uma política direcionada para os "mais necessitados". "Eles têm ações contrárias ao que o governo está pregando", alfineta.
Com a redução, Bezerra lembra que será ainda menor a garantia de rendimento mínimo que a Caixa teria que dar para o valor aplicado em obras de infra-estrutura, uma reivindicação das centrais por considerarem o financiamento das obras um investimento de risco.


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