São Paulo, sexta-feira, 07 de março de 2008

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Citi descarta "descolamento" de emergentes

DO ENVIADO ESPECIAL AO RIO

Embora mais resistentes e com reservas em caixa para enfrentar a atual crise internacional, que tem os EUA como epicentro, os emergentes não devem se apoiar na tese do "descolamento" e deixar de continuar melhorando seus fundamentos macroeconômicos.
Para banqueiros e economistas presentes no encontro do IIF, embora os países em desenvolvimento venham se saindo relativamente bem, as dimensões da crise ainda não estão claras.
No encontro de ontem, Bill Rhodes, o presidente do Citibank, banco severamente afetado pela crise, mostrou-se bem mais pessimista do que a maioria. "Existe ainda um leque de indefinições, e a escalada no preço do petróleo é apenas uma delas. O avanço recente da globalização só mostra que as economias estão mais integradas. Portanto, não vejo o "descolamento" como uma realidade econômica", disse.
Rhodes citou ainda a inflação como "grande ameaça" entre os emergentes. "Nenhum esforço deve ser poupado para combatê-la."
Assim como outros participantes do encontro, o presidente do Citibank relativizou, porém, os impactos sobre a economia brasileira. Lembrou que os investimentos no país crescem a uma taxa elevada e que os preços estão sob controle.
Para o presidente do Itaú, Roberto Setubal, também vice do IIF, o Brasil estaria hoje "bem posicionado para enfrentar tempestades".
"As reservas estão elevadas, a inflação, sob controle, e a situação fiscal é bem mais confortável. O Brasil hoje não precisa de dólares de fora, pois é credor. A situação em relação ao passado é completamente diferente", disse. Setubal ponderou, no entanto, que o atual nível de integração entre os países faz com com que uns sejam afetados de alguma maneira pelas dificuldades alheias.
Já o economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, destacou a força do crescimento asiático para relativizar o impacto no mundo de um desaquecimento da economia dos Estados Unidos. Para ele, o argumento de um "relativo descolamento" deve ser respeitado.
Barros afirma que a demanda dos asiáticos (com China e Índia a frente) continuará firme o bastante para puxar a atividade em países produtores de commodities como o Brasil.


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