São Paulo, domingo, 07 de abril de 2002

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OUTRO LADO

Funcionários da Receita negam participação em irregularidades

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Três dos quatro funcionários da Receita Federal envolvidos no esquema que pode ter provocado rombo de R$ 1 bilhão nas contas da Previdência negam participação nas irregularidades ou evitam comentar as acusações. O outro servidor não foi localizado.
Sandra Costa Silva, atualmente lotada na Delegacia de Administração Tributária do Rio de Janeiro, disse à Folha que apenas cumpriu "os procedimentos normais" exigidos para alteração de dados cadastrais de CPFs.
"A falsificação existe no mundo inteiro", afirmou a funcionária. Segundo Sandra, as mudanças foram feitas com base em documentos que só depois se soube serem falsos.
Questionada sobre o mês de seu depoimento à comissão de sindicância, disse que o caso teria ocorrido "há uns quatro anos". Informada pela reportagem de que os depoimentos tinham ocorrido havia quatro meses, Sandra afirmou: "Não lembro nem o que comi ontem".

Senha
Jorge da Glória Tavares, atualmente aposentado, disse que sempre foi um funcionário correto. Ele afirmou que alguém pode ter usado sua senha para "envelhecer" os CPFs.
"Não tenho nada a ver com isso. Meu advogado é que está sabendo", disse. O advogado chama-se "dr. Rosalvo", segundo Tavares. "Mas não tenho o telefone dele nem sei o sobrenome", afirmou. O servidor disse que "ainda não" recebeu nenhuma punição decorrente do episódio.
Valdir de Oliveira Filho disse à Folha, no início da tarde da sexta-feira passada, que ele próprio usava sua senha para fazer as alterações cadastrais nos CPFs. Antes de explicar por que o fazia, interrompeu a entrevista por telefone e pediu para concluí-la às 17h. No horário combinado, seu telefone celular estava desligado.

Sigilo
Procurado pela Folha, o servidor Paulo Sérgio Palermo não foi localizado nos telefones de sua residência e da central de atendimento ao contribuinte em Madureira, onde trabalha, segundo informações do departamento de pessoal da Receita no Rio.
A Superintendência da Receita Federal no Rio de Janeiro não quis comentar o caso. Alegou que a sindicância corre em sigilo e está entregue ao escritório carioca da corregedoria do fisco.



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