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São Paulo, segunda-feira, 07 de abril de 2003

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Guerra entre EUA e Iraque ameaça contaminar a agenda comercial

Dan Ching/Reuters
Campo de petróleo em chamas, em Basra, no Iraque; especialistas alertam para a possibilidade de a guerra contaminar as negociações comerciais do planeta


DO COLUNISTA DA FOLHA

A guerra no Iraque pode não ter ainda influenciado decisivamente as negociações comerciais, mas um especialista respeitado, como Gary Hufbauer, aponta a "dura escolha" colocada aos países ricos pelas divergências entre eles a respeito da guerra.
"Os Estados Unidos e a Europa continental têm de separar a agenda da segurança, na qual os desacordos são profundos e vão muito além do Iraque, da agenda econômica, em que ainda há interesse mútuo na cooperação, sob pena de a questão econômica ser tragada pelo desentendimento sobre segurança", diz Hufbauer.
A hipótese de se estender ao campo econômico-comercial a divergência que separou, entre outros, a França e a Alemanha dos Estados Unidos e do Reino Unido incomoda também o diretor-geral da OMC (Organização Mundial do Comércio), Supachai Panitchpakdi: "Enviaria um sinal muito ruim para um mundo muito nervoso".

Agenda afetada
Quais as possibilidades de haver contaminação da agenda comercial pela divergência sobre segurança?
O ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, diz que tem feito pergunta parecida a todos os visitantes estrangeiros que recebe ultimamente.
"As respostas variam de um extremo a outro", conta Rodrigues.
É mais ou menos a mesma coisa que a Folha ouviu na consulta a técnicos da Organização Mundial do Comércio: "Há duas versões nos corredores da OMC. A pessimista diz que os Estados Unidos e a Europa continental azedaram relações e dificilmente conseguirão se acertar sobre temas-chave da rodada. Já a otimista informa que a Europa esgotou seu saco de maldades no Conselho de Segurança das Nações Unidas e agora tentará se recompor com Washington. A rodada é uma boa chance".
Só o desfecho do conflito no Iraque e o imediato pós-guerra é que permitirão saber qual versão é a mais correta, a otimista ou a pessimista. Cancún, de todo modo, será o local óbvio para que uma ou outra ganhe manifestação concreta. (CLÓVIS ROSSI)

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