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FOLHA INVEST
MERCADO FINANCEIRO
Bolsa de Valores de São Paulo, porém, pode encontrar obstáculos nesta semana para manter euforia
Bovespa ainda tem espaço para subir mais
MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Espaço para alta ainda há, mas
obstáculos, também.
Como em 2003 o prêmio de risco valorizou-se mais do que o
Ibovespa, da Bolsa de Valores de
São Paulo, o índice paulista ainda
teria espaço para subir, segundo
analistas. As projeções desse potencial de alta, na busca de equiparação da melhora da Bolsa com
a do risco-país, variam de pouco
mais de 400 pontos a 1.100 pontos.
Mas, nessa corrida, a Bolsa pode
esbarrar, em algum momento
desta ou da próxima semana,
num obstáculo.
"Essa enorme euforia nos mercados locais pode continuar, mas
não parece ser o mais racional a se
esperar, dado o importante ajuste
de preços que já ocorreu, reflexo
do exagerado otimismo", disse
um gestor.
Como investidores, sabe-se, não
são racionais, a animação pode ou
não se manter. As possibilidades
de uma realização de lucros no
curto prazo ou até mesmo a paralisação no atual patamar em que
se encontra a Bolsa dividem uma
boa parcela do mercado, para
quem o bom humor anda escancarado demais.
"O cenário mais provável é o de
uma parada: a Bolsa sobe dois
dias, desce outros dois", diz Luiz
Antônio Vaz das Neves, diretor de
pesquisa da corretora Planner. Ficaria estabilizada no patamar de
12 mil pontos.
Desculpa
"O mercado procura uma desculpa para realização de lucros",
afirma Ricardo Schneider, gestor
de renda variável do ABN Asset
Management.
"O problema é acertar na mosca, o momento certo: a hora de
entrar e sair porque ninguém disse que não irá subir depois de
uma eventual queda para realizar
os lucros", acrescenta Schneider.
Uma desculpa possível pode ser
um possível fraco desempenho da
economia americana.
O cenário interno, tanto no Brasil como nos Estados Unidos, tende a ganhar mais força na precificação de ativos. Está reaberta a
temporada de resultados das empresas.
"A microeconomia ganha espaço. A política aqui e a geopolítica
nos EUA perdem o destaque, em
razão dos resultados das empresas no primeiro trimestre do ano,
que começarão a sair. Muitos deles não deverão vir muito animadores", diz Vaz das Neves.
Na próxima semana, Aracruz,
Gerdau e Copel estão entre as empresas que divulgam seus resultados. Nos Estados Unidos, serão
conhecidos os balanços trimestrais de General Eletric, PanAmSat, Abbot e Yahoo, entre outras.
Inflação
Amanhã sai a primeira prévia
de abril do IGP-M. A expectativa é
de nova queda da inflação neste
mês. A apreciação cambial e o cenário mais favorável para a safra
agrícola deverão contribuir para a
redução dos preços agrícolas no
atacado, em relação à primeira
prévia do mês passado.
Também na agenda da semana,
o IPC do mesmo período e o IGP-DI de março.
Humor
Depois de a Bolsa acumular alta
de 9,66% em março e 7,02% nos
quatro primeiros dias deste mês,
analistas andam rindo à toa. Alguns fazem graça da própria euforia do mercado.
"Na semana passada, estivemos
"perto do limite da irresponsabilidade", como diria o Ricardo Sérgio'", brincou um analista, para
quem a festa não vai muito longe.
Ricardo Sérgio de Oliveira era
diretor do Banco do Brasil à época
do escândalo do grampo do
BNDES, durante a privatização
do sistema Telebrás, revelado em
maio de 1999, no governo de Fernando Henrique Cardoso.
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