São Paulo, sexta-feira, 07 de abril de 2006

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Candidata já sonda nomes para dirigir empresa

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Volo do Brasil, controladora da Varig Log, já está sondando executivos do mercado de aviação para ocupar a presidência da Varig, informou o sócio Marco Antonio Audi.
De acordo com Audi, a Volo tem mantido conversas com executivos que conhecem de perto o setor aéreo. Os brasileiros sócios da Volo (além de Audi, Marcos Haftel e Luiz Gallo) ocupariam cargos no Conselho de Administração. Os planos para a companhia no futuro incluem aumento da frota e de contratações, mas num primeiro momento o número de aviões seria reduzido de 71 (54 em operação) para 48, e o de funcionários, para cerca de 5.000.
O empresário afirma que a sinalização é positiva, mas que nenhuma das classes de credores aceitou formalmente a proposta de compra apresentada no início desta semana. Segundo ele, a paralisação da Varig pode acontecer a qualquer momento, e os credores deveriam optar pela salvação da empresa. A oferta da Volo prevê o pagamento de US$ 350 milhões para assumir a parte operacional da Varig. A companhia seria dividida em duas, e o passivo ficaria com a velha Varig. De acordo com o empresário, a proposta está dentro da lei.
Para Audi, a proposta apresentada pela empresa pode não ser a melhor, mas é a única que tem condições de ser posta em prática. "Não adianta prometer ficar com todos os funcionários e aviões e depois não poder cumprir."

Demissões
Segundo o empresário, os empregados da Varig já estão demitidos. "Eles não recebem mais salários, não têm cadeiras dentro da Varig porque estão empregados em casa. O que é pior nesse caso?", disse. A Varig conta hoje com 10.400 empregados.
"O que defendemos é assumir as aeronaves e o pessoal equivalente para uma empresa desse porte. A Varig já está fazendo essa reestruturação por meio da Alvarez & Marsal [consultoria norte-americana contratada para cuidar da reestruturação]", afirmou. Para o empresário, o maior patrimônio da Varig hoje é o quadro de funcionários. "Todo o resto está velho, como maquinário e aviões", disse.

Comando americano
Audi descartou a hipótese de a empresa ser comandada pelo fundo de investimento norte-americano Matlin Patterson, sócia do empresário na Volo do Brasil.
De acordo com Audi, a proposta de investir na Varig surgiu há dois anos, fruto de conversas com um ex-funcionário da companhia aérea. A partir disso, o empresário afirma ter procurado fundos dispostos a investir como parceiros no negócio.
A Volo do Brasil tem mantido negociações freqüentes com a Varig. Nos últimos meses, ela realizou operações de descontos de recebíveis com cartão de crédito que somam mais de US$ 70 milhões, segundo Audi. A maior parte do faturamento da Varig Log, cerca de 60%, dependia do espaço na barriga dos aviões da Varig. A Varig Log paga US$ 80 milhões por ano para usar os porões da Varig. Com isso, a ex-subsidiária precisava investir na recuperação da companhia. Com a crise, os bancos passaram a negar crédito para a Varig mesmo em operações com boas garantias. "Estamos dispostos a fazer novos empréstimos se a Varig precisar."


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