São Paulo, quarta-feira, 07 de abril de 2010

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Dólar derruba tarifa de energia em São Paulo e Minas Gerais

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Vilão em 2009, neste ano o dólar está ajudando a derrubar a tarifa de energia. Os consumidores residenciais da CPFL Paulista (que abrange 234 municípios no interior de São Paulo, incluindo Campinas), por exemplo, terão redução de 5,04%. Para grandes consumidores, como indústrias, a redução chega a 6,64%. As novas tarifas entram em vigor amanhã.
De acordo com a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), houve uma diminuição de 25,4% no custo da energia comprada pela CPFL da hidrelétrica binacional (Brasil-Paraguai) de Itaipu. A usina vende energia em dólar, que, segundo a agência, estava cotado a R$ 2,25 em março do ano passado, ante R$ 1,78 ontem (valor usado no reajuste).
Os benefícios da valorização cambial nos reajustes de tarifa chegaram também aos consumidores de outras duas distribuidoras: Cemig (MG) e Cemat (MT). Na Cemig, a maior distribuidora de energia do país, a redução para os consumidores residenciais foi de 0,77%, e, para os grandes consumidores, de até 10,81%. Na Cemat, os consumidores residenciais terão redução de 2,59%, e os industriais, de até 4,74%.
Em Mato Grosso do Sul, no entanto, a redução dos custos com a aquisição da energia de Itaipu não foi suficiente para evitar alta na tarifa. Os clientes residenciais da Enersul terão aumento de 1,25% e os grandes consumidores, arcarão com reajustes de até 8,52%.

"Efeito gangorra"
Os reajustes de tarifa de energia ocorrem uma vez por ano. As distribuidoras das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste são obrigadas a comprar uma quantidade predefinida da energia de Itaipu, devido ao sistema usado para financiar a construção da usina, nos anos 1980. Os empréstimos que o Brasil tomou, na época, estão lastreados na venda da energia, em caráter compulsório.
A obrigatoriedade da compra da energia de Itaipu produz um efeito "gangorra" na tarifa de energia das distribuidoras, que passam a oscilar conforme o dólar. No ano passado, por exemplo, os clientes residenciais da CPFL Paulista tiveram de arcar com um reajuste de 20,19% e a indústria viu o custo da energia subir 24,8%. Na ocasião, o dólar subiu de cerca de R$ 1,70 em março de 2008 para R$ 2,25 um ano depois.
As próximas grandes distribuidoras de São Paulo a terem reajuste são Eletropaulo, em julho, e Elektro e Bandeirante, em agosto e outubro. Caso não haja alterações significativas na taxa de câmbio, a valorização do real também irá contribuir para um aumento menor ou mesmo para uma redução da tarifa dessas distribuidoras.


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