São Paulo, quarta-feira, 07 de abril de 2010

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Empresários veem 1º passo, mas cobram ações

DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL

LUCIANA COELHO
DE GENEBRA

A demonstração de boa vontade que os EUA deram fazendo ofertas palpáveis para evitar uma retaliação por causa dos subsídios concedidos aos seus produtores de algodão significa um bom primeiro passo, dizem empresários e especialistas brasileiros.
Ótimo mesmo será se, ao cabo da negociação, o problema do favorecimento indevido aos cotonicultores americanos ganhar uma solução de fato. "O gesto sem dúvida é muito importante e positivo. Agora, vamos ver como as intenções se concretizam", afirma José Mário Schreiner, presidente da Faeg (Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás).
"Acho que foi uma saída honrosa, um final feliz. Vai favorecer as exportações como um todo", comenta Pedro de Camargo Neto, presidente da Abipecs (Associação Brasileira da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína) e iniciador do contencioso quando ocupava a secretaria de Produção e Comercialização do Ministério da Agricultura.
A criação de um fundo de US$ 147 milhões anuais para buscar o aprimoramento do cultivo e o combate às doenças do algodão foi muito bem recebida -embora haja instituições como a Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e companhias privadas nesse trabalho, o montante agora disponível vai possibilitar um grande avanço na área, de acordo com os empresários.
Para José Augusto de Castro, vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do Brasil), os valores envolvidos, substanciais, mostram até que há uma percepção da importância do Brasil. "Entretanto, o que temos até o momento é uma carta de intenções. Precisamos esperar para que se transforme em negócios."
Na opinião de Mario Marconini, diretor de negociações internacionais da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), o ponto mais difícil nas negociações a partir de agora será obter um acordo concreto sobre a revisão da legislação agrícola americana em 2010. Por enquanto, a proposta do EUA menciona ajustes que podem ser realizados sem mexer nas leis específicas que determinam os subsídios, as quais só devem ser discutidas daqui a dois anos. "A conversa a respeito dessa questão vai continuar, considerando a possibilidade de retaliação e as compensações que foram colocadas na mesa. Até o dia 22 tem que sair uma definição", diz.
Até agora, na sua avaliação, o processo seguiu a cartilha tradicional: houve uma ameaça de retaliação e, até o final da semana passada, os EUA não haviam se manifestado. Mas, finalmente, apresentaram uma proposta. "Os americanos perceberam que não é bom entrar em uma guerra comercial com o país."


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