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Empresários veem 1º passo, mas cobram ações
DENYSE GODOY
DA REPORTAGEM LOCAL
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
A demonstração de boa vontade que os EUA deram fazendo ofertas palpáveis para evitar
uma retaliação por causa dos
subsídios concedidos aos seus
produtores de algodão significa
um bom primeiro passo, dizem
empresários e especialistas
brasileiros.
Ótimo mesmo será se, ao cabo da negociação, o problema
do favorecimento indevido aos
cotonicultores americanos ganhar uma solução de fato. "O
gesto sem dúvida é muito importante e positivo. Agora, vamos ver como as intenções se
concretizam", afirma José Mário Schreiner, presidente da
Faeg (Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás).
"Acho que foi uma saída
honrosa, um final feliz. Vai favorecer as exportações como
um todo", comenta Pedro de
Camargo Neto, presidente da
Abipecs (Associação Brasileira
da Indústria Produtora e Exportadora de Carne Suína) e
iniciador do contencioso quando ocupava a secretaria de Produção e Comercialização do
Ministério da Agricultura.
A criação de um fundo de
US$ 147 milhões anuais para
buscar o aprimoramento do
cultivo e o combate às doenças
do algodão foi muito bem recebida -embora haja instituições
como a Embrapa (Empresa
Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e companhias privadas
nesse trabalho, o montante
agora disponível vai possibilitar um grande avanço na área,
de acordo com os empresários.
Para José Augusto de Castro,
vice-presidente da AEB (Associação de Comércio Exterior do
Brasil), os valores envolvidos,
substanciais, mostram até que
há uma percepção da importância do Brasil. "Entretanto, o
que temos até o momento é
uma carta de intenções. Precisamos esperar para que se
transforme em negócios."
Na opinião de Mario Marconini, diretor de negociações internacionais da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de
São Paulo), o ponto mais difícil
nas negociações a partir de agora será obter um acordo concreto sobre a revisão da legislação agrícola americana em
2010. Por enquanto, a proposta
do EUA menciona ajustes que
podem ser realizados sem mexer nas leis específicas que determinam os subsídios, as quais
só devem ser discutidas daqui a
dois anos. "A conversa a respeito dessa questão vai continuar,
considerando a possibilidade
de retaliação e as compensações que foram colocadas na
mesa. Até o dia 22 tem que sair
uma definição", diz.
Até agora, na sua avaliação, o
processo seguiu a cartilha tradicional: houve uma ameaça de
retaliação e, até o final da semana passada, os EUA não haviam
se manifestado. Mas, finalmente, apresentaram uma proposta. "Os americanos perceberam
que não é bom entrar em uma
guerra comercial com o país."
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