São Paulo, quarta-feira, 07 de abril de 2010

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Bolsa de SP interrompe sequência de altas e cai 0,3%

Saldo de estrangeiros fica positivo; dólar vale R$ 1,755

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

A BM&FBovespa interrompeu sua escalada rumo a um novo pico histórico. Vendas de ações mais expressivas no fim do pregão fizeram o principal índice da Bolsa encerrar o dia em baixa de 0,27%.
A divulgação da ata do último encontro do Fomc (comitê que define os juros nos EUA) não animou os investidores. Isso mesmo com o documento sinalizando que a taxa básica americana irá demorar para ser elevada -notícia positiva para o mercado acionário. Em Wall Street, o Dow Jones terminou com leve baixa de 0,03%.
José Francisco Gonçalves, economista-chefe do Banco Fator, destaca que ainda "há ruídos envolvendo a Grécia", o que impediu o mercado de seguir em ritmo mais forte. "Especula-se que o país esteja buscando acordo com a União Europeia para conseguir um empréstimo, em vez de recorrer ao FMI, pois não desejaria se submeter às condições mais rígidas do Fundo."
As Bolsas de Valores na Europa tiveram pequenas altas. Parte desse resultado positivo refletiu o fato de o mercado europeu ter ficado fechado na segunda-feira, quando as Bolsas subiram pelo mundo.
Em Londres, o mercado de ações terminou o dia com alta de 0,62%. Em Frankfurt, os ganhos ficaram em 0,27%.
A queda de ontem representou para a Bolsa de Valores de São Paulo o fim de uma sequência de seis pregões de ganhos seguidos -que resultou em 4,16% de alta acumulada.
Depois de bater em 71.711 pontos na máxima de ontem -em alta de 0,59%-, o índice Ibovespa enfraqueceu, para terminar a 71.095 pontos. A máxima histórica da Bolsa são os 73.516 pontos registrados em 20 de maio de 2008.
Apesar de a realização de lucros -vendas para embolsar ganhos acumulados- ter dado o tom das operações de ontem, os estrangeiros mantiveram as compras de papéis brasileiros, segundo operadores.
No ano, o saldo das operações feitas com capital externo no pregão passou a ficar positivo pela primeira vez em 2010: até o dia 1º, o investidor externo mais comprou que vendeu ações no montante de R$ 119,2 milhões. Apenas em março, R$ 3,15 bilhões em capital externo líquido desembarcaram no pregão local. Essa entrada expressiva e crescente de dólares ajuda a explicar o movimento de fortalecimento do real.

Dólar em baixa
Se a Bolsa alterou sua rota, o mercado de câmbio manteve-se em linha com os últimos dias. O dólar ameaçou ganhar corpo, indo a R$ 1,772 no pico das operações de ontem, mas não resistiu e terminou em queda. Vendida a R$ 1,755, a moeda americana caiu 0,45%.
Desde janeiro o dólar não descia a um valor tão baixo. No acumulado do ano, a moeda ainda registra alta, de 0,69%.
Ontem foi o sexto pregão consecutivo de depreciação do dólar. No período, a moeda se desvalorizou em 4,10%.
O recuo expressivo da moeda tem elevado as especulações no mercado em torno da possibilidade de o Tesouro passar a adquirir dólares, por meio do Fundo Soberano do Brasil (FSB). Se isso ocorresse, o câmbio sofreria dupla influência das ações do governo, pois o BC já realiza, rotineiramente, seus leilões de compra de dólares.
Por enquanto, o mercado não prevê grandes flutuações no câmbio nos próximos meses. O boletim Focus, divulgado anteontem pelo BC, mostrou que os bancos projetam, na média, que o dólar estará em R$ 1,80 no fim do ano. Para o encerramento de 2011, a projeção é que a cotação esteja em R$ 1,85.


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