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China prepara terreno para valorizar yuan
Autoridades sinalizam que política de
atrelamento ao dólar deve ser encerrada
Em 2009, China respondeu por mais de 50% do deficit comercial dos EUA, que reclamam que o yuan fraco favorece produtos chineses
DO "FINANCIAL TIMES"
Dias depois de os EUA adiarem a divulgação de um relatório que poderia apontar que o
governo da China "manipula" a
sua moeda, o yuan, Pequim começou a preparar o terreno publicamente para uma mudança
na política cambial.
Ontem, Ba Shusong, vice-diretor de um centro de estudos
econômicos ligado ao governo,
disse que a China pode aumentar a banda nas negociações
diárias do yuan e permitir que a
moeda se aprecie, o que não
ocorre desde julho de 2008.
Segundo o economista, o
atrelamento do yuan ao dólar
foi uma medida emergencial e
deverá ser abolida em algum
momento. Autoridades americanas reclamam que a medida
favorece a venda de produtos
chineses no exterior, permitindo ao país asiático acumular superavit bilionários -no ano
passado, os EUA compraram
US$ 226 bilhões a mais do que
venderam para a China, que foi
responsável por mais da metade do deficit americano.
Nos últimos meses, o primeiro-ministro Wen Jiabao e outras autoridades do governo vinham afirmando que o yuan não estava desvalorizado e que
o país não iria ceder às pressões
estrangeiras pela valorização
da divisa. Porém, nas últimas
semanas, o tom oficial foi ficando mais moderado, com algumas autoridades sinalizando
que uma proposta de ajuste da
política cambial já foi enviada
para a aprovação do governo.
Essa mudança de tom ocorre
ao mesmo tempo em que os Estados Unidos e a China têm
adotado gestos de reconciliação, após meses de relações
tensas. Enquanto Washington
adiou a publicação de um relatório semestral que pode apontar a China como "manipulador
cambial" (marcada inicialmente para o dia 15, ela não tem novo prazo de divulgação), Pequim tem se aproximado dos
EUA na questão dos planos nucleares do Irã.
"Alguma grande barganha
entre os EUA e a China parece
estar em andamento, se é que
algum acordo ainda não foi alcançado", afirmou Stephen
Green, economista do banco
Standard Chartered.
FOLHA ONLINE
Leia coluna de Clóvis Rossi
sobre o câmbio chinês
www.folha.com.br/1009611
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