São Paulo, quarta-feira, 07 de abril de 2010

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China prepara terreno para valorizar yuan

Autoridades sinalizam que política de atrelamento ao dólar deve ser encerrada

Em 2009, China respondeu por mais de 50% do deficit comercial dos EUA, que reclamam que o yuan fraco favorece produtos chineses

DO "FINANCIAL TIMES"

Dias depois de os EUA adiarem a divulgação de um relatório que poderia apontar que o governo da China "manipula" a sua moeda, o yuan, Pequim começou a preparar o terreno publicamente para uma mudança na política cambial.
Ontem, Ba Shusong, vice-diretor de um centro de estudos econômicos ligado ao governo, disse que a China pode aumentar a banda nas negociações diárias do yuan e permitir que a moeda se aprecie, o que não ocorre desde julho de 2008.
Segundo o economista, o atrelamento do yuan ao dólar foi uma medida emergencial e deverá ser abolida em algum momento. Autoridades americanas reclamam que a medida favorece a venda de produtos chineses no exterior, permitindo ao país asiático acumular superavit bilionários -no ano passado, os EUA compraram US$ 226 bilhões a mais do que venderam para a China, que foi responsável por mais da metade do deficit americano.
Nos últimos meses, o primeiro-ministro Wen Jiabao e outras autoridades do governo vinham afirmando que o yuan não estava desvalorizado e que o país não iria ceder às pressões estrangeiras pela valorização da divisa. Porém, nas últimas semanas, o tom oficial foi ficando mais moderado, com algumas autoridades sinalizando que uma proposta de ajuste da política cambial já foi enviada para a aprovação do governo.
Essa mudança de tom ocorre ao mesmo tempo em que os Estados Unidos e a China têm adotado gestos de reconciliação, após meses de relações tensas. Enquanto Washington adiou a publicação de um relatório semestral que pode apontar a China como "manipulador cambial" (marcada inicialmente para o dia 15, ela não tem novo prazo de divulgação), Pequim tem se aproximado dos EUA na questão dos planos nucleares do Irã.
"Alguma grande barganha entre os EUA e a China parece estar em andamento, se é que algum acordo ainda não foi alcançado", afirmou Stephen Green, economista do banco Standard Chartered.

FOLHA ONLINE
Leia coluna de Clóvis Rossi sobre o câmbio chinês
www.folha.com.br/1009611



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