São Paulo, quarta-feira, 07 de abril de 2010

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Mineradora se queixa à UE de siderúrgicas

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Em mais um capítulo da disputa com as siderúrgicas europeias, a Vale notificou ontem a Comissão Europeia (braço executivo da União Europeia) sobre seu "desconforto com relação à possível quebra de regras da concorrência" por parte da Eurofer (Confederação Europeia das Indústrias de Ferro e Aço) e pediu uma investigação dos órgãos de defesa da concorrência.
Insatisfeitas com o reajuste de 90% do minério de ferro neste trimestre, as usinas levaram a questão aos órgãos de defesa da concorrência.
Mais abaladas pela crise que as empresas da Ásia, as usinas da Europa reclamam do reajuste e da correção trimestral de preço. O sistema foi inaugurado neste ano, após pleito das empresas chinesas, que queriam ter as cotações do mercado spot (à vista e com entrega imediata) como referência.
Em carta enviada à Comissão Europeia, a Vale acusa uma suposta "ação coordenada dos membros associados da Eurofer em sua forma de abordagem nas negociações em curso com a Vale".
"Qualquer comunicação ou ação coordenada provocaria sérias preocupações em relação às leis da concorrência e, nesta circunstância, gostaríamos de estimular a Comissão a investigar este tema", diz a carta.
A Vale diz rejeitar "as alegações da Eurofer de que a empresa tenha infringido as regras da concorrência da União Europeia durante as discussões com as siderúrgicas a respeito de acordos de fornecimento de minério".
Segundo a mineradora, as suas negociações "em todos os locais do mundo" respeitam "suas obrigações legais e contratuais". "Não discutimos ou compartilhamos informações sobre nossas estratégias de preços com nenhum concorrente [alegação apresentada pela Eurofer]."
A Vale informou no dia 1º que fechou acordos com a maioria de seus clientes sobre as novas condições de preços do minério de ferro, baseadas em referências do mercado spot (já dado um desconto por causa dos volumes maiores dos contratos) e em bases trimestrais.
Segundo a Vale, os acordos já assinados correspondem a 97% de sua base de clientes de minério de ferro em todo o mundo e a 90% dos volumes comercializados.
Em nota, a Vale disse manter "seu compromisso em ser para seus clientes uma fonte de longo prazo, estável e confiável, e espera fechar com todos os seus compradores acordos que sejam mutuamente satisfatórios".
Não são apenas as usinas europeias, porém, a reclamar da Vale. Assustada com o aumento de até 90%, a Cisa (Associação de Ferro e Aço da China) ameaça sustar as compras das três grandes mineradoras de ferro -Vale, BHP e Rio Tinto- sob alegação de monopólio.


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