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Mineradora se queixa à UE
de siderúrgicas
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Em mais um capítulo da
disputa com as siderúrgicas
europeias, a Vale notificou
ontem a Comissão Europeia
(braço executivo da União
Europeia) sobre seu "desconforto com relação à possível quebra de regras da
concorrência" por parte da
Eurofer (Confederação Europeia das Indústrias de Ferro e Aço) e pediu uma investigação dos órgãos de defesa
da concorrência.
Insatisfeitas com o reajuste de 90% do minério de ferro neste trimestre, as usinas
levaram a questão aos órgãos
de defesa da concorrência.
Mais abaladas pela crise
que as empresas da Ásia, as
usinas da Europa reclamam
do reajuste e da correção trimestral de preço. O sistema
foi inaugurado neste ano,
após pleito das empresas chinesas, que queriam ter as cotações do mercado spot (à
vista e com entrega imediata) como referência.
Em carta enviada à Comissão Europeia, a Vale acusa
uma suposta "ação coordenada dos membros associados da Eurofer em sua forma
de abordagem nas negociações em curso com a Vale".
"Qualquer comunicação
ou ação coordenada provocaria sérias preocupações
em relação às leis da concorrência e, nesta circunstância,
gostaríamos de estimular a
Comissão a investigar este
tema", diz a carta.
A Vale diz rejeitar "as alegações da Eurofer de que a
empresa tenha infringido as
regras da concorrência da
União Europeia durante as
discussões com as siderúrgicas a respeito de acordos de
fornecimento de minério".
Segundo a mineradora, as
suas negociações "em todos
os locais do mundo" respeitam "suas obrigações legais e
contratuais". "Não discutimos ou compartilhamos informações sobre nossas estratégias de preços com nenhum concorrente [alegação
apresentada pela Eurofer]."
A Vale informou no dia 1º
que fechou acordos com a
maioria de seus clientes sobre as novas condições de
preços do minério de ferro,
baseadas em referências do
mercado spot (já dado um
desconto por causa dos volumes maiores dos contratos) e
em bases trimestrais.
Segundo a Vale, os acordos
já assinados correspondem a
97% de sua base de clientes
de minério de ferro em todo
o mundo e a 90% dos volumes comercializados.
Em nota, a Vale disse manter "seu compromisso em ser
para seus clientes uma fonte
de longo prazo, estável e confiável, e espera fechar com
todos os seus compradores
acordos que sejam mutuamente satisfatórios".
Não são apenas as usinas
europeias, porém, a reclamar
da Vale. Assustada com o aumento de até 90%, a Cisa
(Associação de Ferro e Aço
da China) ameaça sustar as
compras das três grandes
mineradoras de ferro -Vale,
BHP e Rio Tinto- sob alegação de monopólio.
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