São Paulo, terça-feira, 07 de maio de 2002

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Investimento externo na Bolsa fecha mês no azul

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O fluxo de investimentos estrangeiros para a Bolsa foi positivo em R$ 318,4 milhões em abril, segundo os dados divulgados ontem pela Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Mas poderá não se repetir este mês dizem analistas ouvidos pela Folha.
Esse valor corresponde à entrada líquida de recursos, ou seja, à diferença entre os R$ 3,712 bilhões movimentados na compra de ações e os R$ 3,394 bilhões nas vendas desses papéis. Com o resultado do mês passado, o saldo acumulado no ano até o dia 30 de abril pelos investidores estrangeiros era de R$ 771,7 milhões.
O que tem norteado a entrada de recursos externos na Bolsa este ano é o cenário político. Se ele azedar em consequência das denúncias sobre a tentativa de cobrança de propinas durante a privatização da Vale e o risco Brasil continuar subindo, os investidores poderão ficar na retranca.
"Tudo vai depender dos desdobramentos que terá o caso: da reação do governo e se vai haver CPI, ou não", observa Walter Mendes, diretor de América Latina da Schroder Brasil, uma das maiores administradoras de investimentos em mercados emergentes, com US$ 1 bilhão de investidores estrangeiros na Bolsa brasileira.
Segundo Mendes, a denúncia em si incomoda esse tipo de investidor -fundos de investimento em mercados emergentes e grandes fundos de pensão estrangeiros- mas por enquanto não muda a percepção de que o governo ganhará as eleições.
"O que foi divulgado até agora não é suficiente para mudar essa avaliação dos investidores. A análise fria deles é que piora o quadro, mas não altera o rumo dos acontecimentos políticos", diz Mendes. Segundo ele, os investidores em mercados emergentes vêem com mais tranquilidade o quadro político brasileiro do que os locais.
O grau de sensibilidade dos estrangeiros ao quadro político interno pode ser medido pelo fluxo de recursos registrado em abril pela Bovespa. O saldo positivo de R$ 318,4 milhões foi um dos mais altos desde junho do ano passado, só inferior ao de fevereiro, quando atingiu R$ 450,4 milhões.
No início do mês o candidato do governo começou a decolar nas pesquisas, o risco Brasil caiu e o C-Bond, os títulos da dívida externa brasileira, eram negociados acima de 81% do seu valor de face. Ontem o C-Bond fechou em 76,8% e o risco Brasil explodiu.
Segundo Valmir Celestino, gestor de renda variável do Safra Asset Management, este mês o fluxo de investimentos estrangeiros em Bolsa pode até ficar negativo se não surgir nenhuma boa notícia. "O grande catalisador do mercado, hoje, é a questão política", afirma. Até junho vai haver muita volatilidade (oscilação) no mercado", acrescenta.



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