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Investimento externo na Bolsa fecha mês no azul
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O fluxo de investimentos estrangeiros para a Bolsa foi positivo em R$ 318,4 milhões em abril,
segundo os dados divulgados ontem pela Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo). Mas poderá não
se repetir este mês dizem analistas
ouvidos pela Folha.
Esse valor corresponde à entrada líquida de recursos, ou seja, à
diferença entre os R$ 3,712 bilhões movimentados na compra
de ações e os R$ 3,394 bilhões nas
vendas desses papéis. Com o resultado do mês passado, o saldo
acumulado no ano até o dia 30 de
abril pelos investidores estrangeiros era de R$ 771,7 milhões.
O que tem norteado a entrada
de recursos externos na Bolsa este
ano é o cenário político. Se ele azedar em consequência das denúncias sobre a tentativa de cobrança
de propinas durante a privatização da Vale e o risco Brasil continuar subindo, os investidores poderão ficar na retranca.
"Tudo vai depender dos desdobramentos que terá o caso: da reação do governo e se vai haver CPI,
ou não", observa Walter Mendes,
diretor de América Latina da
Schroder Brasil, uma das maiores
administradoras de investimentos em mercados emergentes,
com US$ 1 bilhão de investidores
estrangeiros na Bolsa brasileira.
Segundo Mendes, a denúncia
em si incomoda esse tipo de investidor -fundos de investimento em mercados emergentes e
grandes fundos de pensão estrangeiros- mas por enquanto não
muda a percepção de que o governo ganhará as eleições.
"O que foi divulgado até agora
não é suficiente para mudar essa
avaliação dos investidores. A análise fria deles é que piora o quadro, mas não altera o rumo dos
acontecimentos políticos", diz
Mendes. Segundo ele, os investidores em mercados emergentes
vêem com mais tranquilidade o
quadro político brasileiro do que
os locais.
O grau de sensibilidade dos estrangeiros ao quadro político interno pode ser medido pelo fluxo
de recursos registrado em abril
pela Bovespa. O saldo positivo de
R$ 318,4 milhões foi um dos mais
altos desde junho do ano passado,
só inferior ao de fevereiro, quando atingiu R$ 450,4 milhões.
No início do mês o candidato do
governo começou a decolar nas
pesquisas, o risco Brasil caiu e o
C-Bond, os títulos da dívida externa brasileira, eram negociados
acima de 81% do seu valor de face.
Ontem o C-Bond fechou em
76,8% e o risco Brasil explodiu.
Segundo Valmir Celestino, gestor de renda variável do Safra Asset Management, este mês o fluxo
de investimentos estrangeiros em
Bolsa pode até ficar negativo se
não surgir nenhuma boa notícia.
"O grande catalisador do mercado, hoje, é a questão política",
afirma. Até junho vai haver muita
volatilidade (oscilação) no mercado", acrescenta.
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