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CUSTO DE VIDA
Queda nos preços dos alimentos e altas menores na gasolina e no vestuário empurram índice da Fipe para baixo
Inflação de São Paulo é a menor desde 2000
MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO
A inflação ficou em 0,06% em
abril, taxa bem inferior à prevista
no início do mês passado, que era
de até 0,30%. Essa foi a menor taxa mensal dos últimos 17 meses, o
que permitiu o recuo da inflação
acumulada em 12 meses para
6,43%. Pela primeira vez, desde
novembro de 2001, a inflação acumulada em 12 meses fica abaixo
de 7%. Os dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
O recuo da taxa de inflação se
deve a algumas surpresas nos preços em abril e à metodologia do
índice da Fipe. As surpresas ficaram por conta dos alimentos, que
caíram mais do que o esperado, e
do vestuário e da gasolina, que subiram menos do que o previsto.
Os alimentos caíram 0,79%, e
"estão descontando as altas do
início do ano", diz o economista e
coordenador do índice de Preços
ao Consumidor da Fipe, Heron
do Carmo. Apesar da queda no
mês passado, os preços médios
dos alimentos superam em 0,7%
os de dezembro.
O índice de inflação da Fipe poderá voltar a registrar queda nos
alimentos neste mês, devido à redução dos preços pagos aos produtores. Segundo o Instituto de
Economia Agrícola da Secretaria
de Agricultura e Abastecimento
do Estado de São Paulo, os preços
agrícolas caíram 4,32% no mês
passado, e parte dessa queda deverá ser repassada para os consumidores neste mês.
O reajuste médio da gasolina foi
de 8,93% no mês passado nas
contas da Fipe. A instituição esperava aumento próximo a 12%. Só
a gasolina foi responsável por
uma taxa de inflação de 0,23% em
abril. Essa taxa, no entanto, foi
compensada pela redução de
5,1% nos preços da energia, o que
gerou deflação de 0,22%.
Outra surpresa do índice foi a
pequena evolução dos preços no
setor de vestuário. A alta foi de
0,2% e o coordenador da Fipe
prevê novos aumentos para este
mês.
Metodologia
Algumas diferenças metodológicas do índice da Fipe também
foram responsáveis pela redução
da taxa além do previsto. A Fipe
registrou queda de 5,1% nos preços da energia no mês passado devido à retirada da sobretaxa adotada no racionamento de 2001.
No ano passado, quando o governo impôs a sobretaxa para os
consumidores que estourassem a
meta de consumo, a Fipe considerou que todos os paulistanos seriam punidos. Agora, com o fim
do racionamento, a instituição está retirando essa taxa, o que provoca um efeito estatístico de queda nos preços da energia.
A alteração na cobrança do IPTU (imposto predial) pela Prefeitura de São Paulo neste ano também permitiu a redução na taxa.
A pesquisa da instituição abrange famílias com rendimento mensal de até 20 salários mínimos (R$
4.000), as mais beneficiadas com
o desconto no IPTU. Juntos, energia elétrica e IPTU foram responsáveis pela queda de 0,23 ponto
percentual na inflação de abril.
A inflação acumulada do primeiro quadrimestre foi de 0,96%.
Para este mês, Heron diz que só
terá uma estimativa mais confiável na próxima semana. A taxa
acumulada em 12 meses, no entanto, deverá manter tendência
de queda, e estará em 4% em
agosto -taxa prevista para 2002.
O IPCA também terá recuo na
taxa anual e a inflação acumulada
em 2002 ficará dentro da meta de
3,5% a 5,5%, prevê Heron do Carmo. Ele diz que as estimativas de
inflação do início do ano foram
exageradas. Muitos analistas incluíram nas previsões do ano os
aumentos periódicos, como os de
alimentos e de combustíveis. "Esses produtos sobem e caem, pressionando a inflação nos dois sentidos", diz o economista.
Segundo ele, devido a essas estimativas exageradas, o governo
não reduz os juros e arrocha a
economia para manter a inflação
dentro das metas.
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