São Paulo, terça-feira, 07 de maio de 2002

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CUSTO DE VIDA

Queda nos preços dos alimentos e altas menores na gasolina e no vestuário empurram índice da Fipe para baixo

Inflação de São Paulo é a menor desde 2000

MAURO ZAFALON
DA REDAÇÃO

A inflação ficou em 0,06% em abril, taxa bem inferior à prevista no início do mês passado, que era de até 0,30%. Essa foi a menor taxa mensal dos últimos 17 meses, o que permitiu o recuo da inflação acumulada em 12 meses para 6,43%. Pela primeira vez, desde novembro de 2001, a inflação acumulada em 12 meses fica abaixo de 7%. Os dados são da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas).
O recuo da taxa de inflação se deve a algumas surpresas nos preços em abril e à metodologia do índice da Fipe. As surpresas ficaram por conta dos alimentos, que caíram mais do que o esperado, e do vestuário e da gasolina, que subiram menos do que o previsto.
Os alimentos caíram 0,79%, e "estão descontando as altas do início do ano", diz o economista e coordenador do índice de Preços ao Consumidor da Fipe, Heron do Carmo. Apesar da queda no mês passado, os preços médios dos alimentos superam em 0,7% os de dezembro.
O índice de inflação da Fipe poderá voltar a registrar queda nos alimentos neste mês, devido à redução dos preços pagos aos produtores. Segundo o Instituto de Economia Agrícola da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, os preços agrícolas caíram 4,32% no mês passado, e parte dessa queda deverá ser repassada para os consumidores neste mês.
O reajuste médio da gasolina foi de 8,93% no mês passado nas contas da Fipe. A instituição esperava aumento próximo a 12%. Só a gasolina foi responsável por uma taxa de inflação de 0,23% em abril. Essa taxa, no entanto, foi compensada pela redução de 5,1% nos preços da energia, o que gerou deflação de 0,22%.
Outra surpresa do índice foi a pequena evolução dos preços no setor de vestuário. A alta foi de 0,2% e o coordenador da Fipe prevê novos aumentos para este mês.

Metodologia
Algumas diferenças metodológicas do índice da Fipe também foram responsáveis pela redução da taxa além do previsto. A Fipe registrou queda de 5,1% nos preços da energia no mês passado devido à retirada da sobretaxa adotada no racionamento de 2001.
No ano passado, quando o governo impôs a sobretaxa para os consumidores que estourassem a meta de consumo, a Fipe considerou que todos os paulistanos seriam punidos. Agora, com o fim do racionamento, a instituição está retirando essa taxa, o que provoca um efeito estatístico de queda nos preços da energia.
A alteração na cobrança do IPTU (imposto predial) pela Prefeitura de São Paulo neste ano também permitiu a redução na taxa.
A pesquisa da instituição abrange famílias com rendimento mensal de até 20 salários mínimos (R$ 4.000), as mais beneficiadas com o desconto no IPTU. Juntos, energia elétrica e IPTU foram responsáveis pela queda de 0,23 ponto percentual na inflação de abril.
A inflação acumulada do primeiro quadrimestre foi de 0,96%. Para este mês, Heron diz que só terá uma estimativa mais confiável na próxima semana. A taxa acumulada em 12 meses, no entanto, deverá manter tendência de queda, e estará em 4% em agosto -taxa prevista para 2002.
O IPCA também terá recuo na taxa anual e a inflação acumulada em 2002 ficará dentro da meta de 3,5% a 5,5%, prevê Heron do Carmo. Ele diz que as estimativas de inflação do início do ano foram exageradas. Muitos analistas incluíram nas previsões do ano os aumentos periódicos, como os de alimentos e de combustíveis. "Esses produtos sobem e caem, pressionando a inflação nos dois sentidos", diz o economista.
Segundo ele, devido a essas estimativas exageradas, o governo não reduz os juros e arrocha a economia para manter a inflação dentro das metas.



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