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RASTREABILIDADE
Associação diz que o país não tem como cumprir prazo para certificar processo de identificação animal
Pecuária não vai atender exigência da UE
DO ENVIADO A UBERABA
"O Brasil ainda não está pronto
para atender as exigências de rastreabilidade da União Européia e
acho difícil que consiga atendê-las
a tempo." Essa é a opinião de Nelson Pineda, diretor de Informática da ABCZ (Associação Brasileira dos Criadores de Zebu). Segundo ele, a demora do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento em alguns pontos do processo pode prejudicar o país.
Pineda, que é o principal especialista no assunto da ABCZ, diz
que, até agora, nenhuma empresa
foi cadastrada pelo Ministério para fazer a certificação dos procedimentos de rastreabilidade.
Os europeus exigem que, até julho, o Brasil seja capaz de identificar cada animal de seu rebanho e,
mais que isso, rastrear as informações importantes sobre cada
um deles, como vacinas tomadas,
data e forma de abate. Além disso,
é preciso que a identificação e a
rastreabilidade sejam certificadas
por empresas cadastradas no Brasil e na Europa.
Outro problema na legislação
em vigor apontado por Pineda é
que não há a preocupação de adotar um método único para a identificação ou para a rastreabilidade. "É como se tivéssemos um
monte de regras diferentes para o
mesmo jogo", diz. "Empresas que
fornecem os sistemas de rastreabilidade impõem seus próprios
métodos de identificação e querem fazer, elas mesmas, a certificação do processo. Um absurdo."
A decisão de que as associações
de criadores não podem fazer a
certificação da rastreabilidade
também não agradou à ABCZ.
"Temos o maior banco de dados sobre genealogia bovina do
mundo. Fazemos, sob a tutela do
próprio governo, a certificação
das raças, e não podemos fazer a
certificação da rastreabilidade?",
reclama Pineda.
Segundo o diretor da ABCZ, a
UE provavelmente vai relaxar o
prazo caso o Brasil não consiga se
adequar às novas regras em tempo. Se isso não ocorrer, porém, ele
crê que o preço da carne vai cair
ainda mais no mercado interno
por causa do aumento da oferta.
Potencial exportador
Apenas 10% da produção brasileira de carne bovina é exportada,
enquanto na Austrália essa cifra
chega a 68% da produção. E isso
porque o Brasil é o terceiro maior
exportador do planeta.
Mas a exploração do potencial
brasileiro depende, ainda, da resolução de alguns entraves. Os
principais problemas são, para os
especialistas, as barreiras fitossanitárias e a falta de financiamento.
"Países na própria América Latina não importam carne brasileira por causa de barreiras sanitárias", diz Sílvio de Castro Cunha
Jr., diretor de relações internacionais da ABCZ.
Já a influência da falta de financiamento, segundo Cunha Jr., faz
com que se perca a vantagem que
os brasileiros têm por causa do
baixo preço da arroba no país.
Durante a Expozebu, feira promovida pela ABCZ em Uberaba,
cerca de 300 estrangeiros, entre
representantes de embaixadas e
pecuaristas, discutirão a quebra
ou a redução dessas barreiras.
"Sou a favor de que países como
a Bolívia e o Brasil sejam complementares na produção e exportação de carne", disse Luis Fernando Saavedra, pecuarista e banqueiro boliviano, durante a feira,
na qual lançou um livro sobre a
criação de gado em seu país.
Para ele, seria vantajoso para
ambos os países trabalharem juntos para reduzir os custos e elevar
os lucros. Esse tipo de parceria,
segundo Saavedra, também poderia ser firmado com outros países da região, beneficiando a todos.
(JOSÉ SERGIO OSSE)
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