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Governo descarta crise e racionamento
DA REPORTAGEM LOCAL
Maurício Tolmasquim, presidente da EPE, nega que o governo
seja demasiadamente otimista
com a situação de oferta de energia no país e que exista risco futuro de racionamento.
(FCZ)
Folha - Como conciliar a crise da
Bolívia no Plano Decenal?
Maurício Tolmasquim - O plano
não é muito dependente de térmicas a gás. Do total da oferta de
energia, 23% são cobertos por térmicas, mas aí estão incluídas a
biomassa, o carvão e o gás, que
pode ser da Bolívia ou nacional.
Folha - O melhor não é o gás?
Tolmasquim - O mais barato é a
utilização do bagaço da cana.
Folha - Há oferta suficiente?
Tolmasquim - Não, ela é mais
centrada em São Paulo e um pouco no Nordeste. Não há uma oferta suficiente para atender toda a
demanda. Depois, teríamos o gás,
dependendo do preço. O gás hoje,
ao preço que vem da Bolívia, é a
fonte mais competitiva.
Folha - Se tivermos um preço na
faixa de US$ 5 o milhão de BTUs,
ainda é competitivo?
Tolmasquim - Já fica caro quando temos outras alternativas, como carvão no Sul e no Nordeste,
para onde se pode levar carvão
importado. A US$ 5 passa a perder a vantagem, mas não quer dizer que fique muito mais cara.
Folha - As empresas reclamam da
falta de realismo do governo com
as hidrelétricas. O que o sr. acha?
Tolmasquim - A hidroeletricidade continua majoritária. A termoeletricidade representa apenas
23% da oferta. Temos importantes projetos hidrelétricos, como
no rio Madeira (Rondônia) e na
usina de Belomonte (Pará).
Folha - A critica é que há muitos
obstáculos para as obras.
Tolmasquim - O que importa
agora são as usinas do Madeira. A
Belomonte é só em 2014. Se aparecer uma outra alternativa melhor
a ela, isso pode ser alterado. No
Madeira, esperamos que o licenciamento ambiental saia este ano.
Daí, é possível cumprir o prazo
(2011 na de Jirau e 2012 na de Santo Antônio, ambas no Madeira).
Folha - No mercado, é unânime a
opinião de que a energia no Brasil
tende a ficar mais cara por causa da
Bolívia. O que o sr. acha?
Tolmasquim - O Brasil é majoritariamente hidrelétrico. Vai afetar, mas proporcionalmente ao
peso do gás. Eu concordo. Mas vai
ficar mais cara para as termoelétricas que forem construídas, pois
as que estão aí já têm contrato.
Folha - Qual a estimativa que o sr.
tem para a exploração do campo de
Mexilhão, na bacia de Santos?
Tolmasquim - A estimativa que
tenho é de algo entre 50 e 54 milhões de m3/dia a partir de 2008.
Folha- A estimativa da Apine
(reúne os produtores independentes de energia) é de 6 milhões de m3
em 2008 e 25 milhões de m3 em
2010. As estimativas privadas são
sempre bem menos otimistas.
Tolmasquim - Veja, nós temos
um estudo superdetalhado, com
todas as hipóteses, plantas, datas e
cronogramas. As outras informações que eu vejo são declarações
de jornal. Não que eu esteja desmerecendo, mas são declarações
soltas. Não vi nada completo.
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