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Para crescer, redes de varejo miram os últimos pequenos
Após perder a liderança em 2000, Carrefour volta ao 1º lugar no ranking da Abras com a compra do Atacadão
As aquisições têm sido o caminho mais rápido para
a expansão no país, de acordo com a opinião de especialista em varejo
Renato Stockler - 19.jul.06/Folha Imagem
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Prateleira de frutas em supermercado; redes buscam aquisições para ampliar fatia de mercado
TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO
Quando o Wal-Mart conseguiu ocupar a segunda posição
no ranking de supermercados
brasileiros, mesmo que por
uma diferença inferior a R$
2.000 no faturamento de 2006,
a venda do Atacadão para o
Carrefour volta a mudar as posições no setor varejista.
A liderança, perdida para o
Pão de Açúcar em 2000, voltou
para a rede francesa, que optou
pela maneira que aparentemente é a mais fácil para ampliar a participação no mercado, com aquisições.
"Quando uma rede compra
outra, não é só mercadoria e
ponto-de-venda, é um conceito
que o consumidor percebe, um
estilo de gestão. As aquisições
têm sido a forma mais rápida de
crescimento", resumiu Eugenio Foganholo, da Mixxer Desenvolvimento Empresarial,
especializada em varejo.
Um dos desafios de comprar
redes já consolidadas em determinadas regiões é saber juntar
duas filosofias de venda para
atender novos consumidores.
"Não há uma estratégia voltada para as aquisições, é uma
questão de oportunidade", opinou Sussumu Honda, presidente da Abras (Associação
Brasileira de Supermercados),
referindo-se ao valor do negócio e ao posicionamento da rede estrategicamente.
O setor, que representa 5,3%
do PIB (Produto Interno Bruto) do país, faturou R$ 124,1 bilhões no ano passado, 0,6% a
mais que em 2005, considerando a inflação do período. Os três
grandes varejistas responderam por 34,1% desse valor.
Completam os cinco primeiros
da lista G. Barbosa e Cia. Zaffari, com apenas 1,2% do faturamento total cada um.
A compra do Atacadão, que
faturou R$ 4,9 bilhões em
2006, era estratégica para todos os grandes varejistas. O
Carrefour, que está presente
em 29 países, saiu na frente ao
pagar R$ 2,2 bilhões, valor considerado muito alto por alguns
analistas do setor.
Na coletiva de imprensa concedida sobre o negócio pelo
presidente no Brasil, Jean-Marc Pueyo, ele disse que foi "a
aquisição mais importante desde que a rede incorporou o Promodès, na França, em 1999".
Além de focar na venda para
pequenos estabelecimentos,
como bares e lanchonetes, o
Atacadão tem um público cativo nas classes C e D, o que deve
ajudar o Carrefour a conquistar
esses clientes. Mesmo com a
rede Dia%, a penetração nessa
faixa ainda deixava a desejar.
Para não repetir erros do
passado, quando adquiriu redes regionais como Mineirão
(MG), Planaltão (DF) e Rainha,
Dallas e Continente (RJ), o
Carrefour vai manter por perto
os sócios que venderam o Atacadão nos próximos dois anos
para "não perder o saber fazer",
nas palavras de Pueyo.
"É indispensável que isso seja feito em qualquer tipo de
aquisição daqui para frente",
disse o diretor financeiro da rede Stephane Kaloudoff, sem
querer comentar supostos erros antigos. Em 2005 e 2006, o
Carrefour fechou três hipermercados e 63 supermercados
Champion.
A rede americana Wal-Mart
iniciou as atividades no Brasil
em 1994 e ficou quieta por uma
década, até arrematar o Bompreço, no Nordeste. Com isso,
passou da 6ª para a 3ª posição
no ranking da Abras. Em 2005,
comprou a rede Sonae, consolidando as atividades no Sul.
Como as marcas eram fortes
em suas regiões, foram mantidas. Nessas aquisições, a empresa investiu mais de US$ 1 bilhão no país, que é considerado
estratégico por ser a quarta
maior operação da área internacional, em número de lojas,
de um total de 14 países.
Segundo Vicente Trius, presidente do Wal-Mart no Brasil,
a estratégia é crescer das duas
formas, organicamente e por
meio de aquisições. "Estamos
sempre atentos a oportunidades de negócios que tenham os
retornos adequados para os
acionistas. Em 2006, abrimos
14 novas lojas e abriremos mais
28 lojas neste ano. É importante combinar as duas formas de
crescimento agregando valor
ao negócio por meio de marcas
reconhecidas", disse.
Depois de sete anos ocupando a liderança no Brasil, o Grupo Pão de Açúcar, controlado
pelo empresário Abílio Diniz e
o varejista francês Casino,
amarga agora a segunda colocação. Sobre as possibilidades de
expansão, o grupo disse, por
meio da assessoria de imprensa, que o crescimento orgânico
é melhor porque é possível escolher o ponto-de-venda e o
formato da loja que será aberta.
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