São Paulo, segunda-feira, 07 de maio de 2007

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Para crescer, redes de varejo miram os últimos pequenos

Após perder a liderança em 2000, Carrefour volta ao 1º lugar no ranking da Abras com a compra do Atacadão

As aquisições têm sido o caminho mais rápido para a expansão no país, de acordo com a opinião de especialista em varejo

Renato Stockler - 19.jul.06/Folha Imagem
Prateleira de frutas em supermercado; redes buscam aquisições para ampliar fatia de mercado

TATIANA RESENDE
DA REDAÇÃO

Quando o Wal-Mart conseguiu ocupar a segunda posição no ranking de supermercados brasileiros, mesmo que por uma diferença inferior a R$ 2.000 no faturamento de 2006, a venda do Atacadão para o Carrefour volta a mudar as posições no setor varejista.
A liderança, perdida para o Pão de Açúcar em 2000, voltou para a rede francesa, que optou pela maneira que aparentemente é a mais fácil para ampliar a participação no mercado, com aquisições.
"Quando uma rede compra outra, não é só mercadoria e ponto-de-venda, é um conceito que o consumidor percebe, um estilo de gestão. As aquisições têm sido a forma mais rápida de crescimento", resumiu Eugenio Foganholo, da Mixxer Desenvolvimento Empresarial, especializada em varejo.
Um dos desafios de comprar redes já consolidadas em determinadas regiões é saber juntar duas filosofias de venda para atender novos consumidores.
"Não há uma estratégia voltada para as aquisições, é uma questão de oportunidade", opinou Sussumu Honda, presidente da Abras (Associação Brasileira de Supermercados), referindo-se ao valor do negócio e ao posicionamento da rede estrategicamente.
O setor, que representa 5,3% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, faturou R$ 124,1 bilhões no ano passado, 0,6% a mais que em 2005, considerando a inflação do período. Os três grandes varejistas responderam por 34,1% desse valor. Completam os cinco primeiros da lista G. Barbosa e Cia. Zaffari, com apenas 1,2% do faturamento total cada um.
A compra do Atacadão, que faturou R$ 4,9 bilhões em 2006, era estratégica para todos os grandes varejistas. O Carrefour, que está presente em 29 países, saiu na frente ao pagar R$ 2,2 bilhões, valor considerado muito alto por alguns analistas do setor.
Na coletiva de imprensa concedida sobre o negócio pelo presidente no Brasil, Jean-Marc Pueyo, ele disse que foi "a aquisição mais importante desde que a rede incorporou o Promodès, na França, em 1999".
Além de focar na venda para pequenos estabelecimentos, como bares e lanchonetes, o Atacadão tem um público cativo nas classes C e D, o que deve ajudar o Carrefour a conquistar esses clientes. Mesmo com a rede Dia%, a penetração nessa faixa ainda deixava a desejar.
Para não repetir erros do passado, quando adquiriu redes regionais como Mineirão (MG), Planaltão (DF) e Rainha, Dallas e Continente (RJ), o Carrefour vai manter por perto os sócios que venderam o Atacadão nos próximos dois anos para "não perder o saber fazer", nas palavras de Pueyo.
"É indispensável que isso seja feito em qualquer tipo de aquisição daqui para frente", disse o diretor financeiro da rede Stephane Kaloudoff, sem querer comentar supostos erros antigos. Em 2005 e 2006, o Carrefour fechou três hipermercados e 63 supermercados Champion.
A rede americana Wal-Mart iniciou as atividades no Brasil em 1994 e ficou quieta por uma década, até arrematar o Bompreço, no Nordeste. Com isso, passou da 6ª para a 3ª posição no ranking da Abras. Em 2005, comprou a rede Sonae, consolidando as atividades no Sul.
Como as marcas eram fortes em suas regiões, foram mantidas. Nessas aquisições, a empresa investiu mais de US$ 1 bilhão no país, que é considerado estratégico por ser a quarta maior operação da área internacional, em número de lojas, de um total de 14 países.
Segundo Vicente Trius, presidente do Wal-Mart no Brasil, a estratégia é crescer das duas formas, organicamente e por meio de aquisições. "Estamos sempre atentos a oportunidades de negócios que tenham os retornos adequados para os acionistas. Em 2006, abrimos 14 novas lojas e abriremos mais 28 lojas neste ano. É importante combinar as duas formas de crescimento agregando valor ao negócio por meio de marcas reconhecidas", disse.
Depois de sete anos ocupando a liderança no Brasil, o Grupo Pão de Açúcar, controlado pelo empresário Abílio Diniz e o varejista francês Casino, amarga agora a segunda colocação. Sobre as possibilidades de expansão, o grupo disse, por meio da assessoria de imprensa, que o crescimento orgânico é melhor porque é possível escolher o ponto-de-venda e o formato da loja que será aberta.


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